Moreirense-Benfica. Esqueçam lá a nota artística: agora é vencer

Com mais uma exibição de serviços mínimos – ou abaixo disso, especialmente na segunda parte -, as águias deram mais um passo no carrossel da mesmice: ainda falta muito…

Mais uma jornada, mais uma volta no carrossel da mesmice. FC Porto, num Dragão cheio de esperança, ganhou no sábado a um débil Belenenses e passou 24 horas sentado no trono da liderança; Benfica foi ao Minho vencer um aflito Moreirense e voltou ao lugar que é seu desde a quarta jornada. Fica, por isso, tudo igual, tudo na mesma – com exceção de um pormenor: falta menos uma jornada por disputar. Não passa disso mesmo: de um pormenor – basta ver o que o calendário ainda reserva para os dois contendores. Para a semana, por exemplo, os azuis e brancos têm uma sempre complicada deslocação a Braga, mesmo ali ao lado de Moreira de Cónegos; e daqui a duas, já se sabe, há um Sporting-Benfica que vai pôr o país a fervilhar.

mitro voltou a ser golo Não foi, como já não é há muito tempo, um Benfica de encantar aquele que se viu ontem em Moreira de Cónegos. Isso já ficou para outras alturas de menor aperto. Agora, a ideia é só uma: pragmatismo, vitórias, três pontos. Nada mais importa a Rui Vitória e seus pupilos. Com Fejsa no onze pela primeira vez após quase dois meses de ausência – além do inédito flanco esquerdo formado por Grimaldo e Rafa –, as águias apoiaram-se sobretudo nos raides de Nélson Semedo pelo flanco direito para tentar causar mossa na defesa às ordens de Petit. Nem sempre deu resultado – também esteve longe de ser o melhor jogo do lateral-direito encarnado nesta temporada.
Mas acabaria por dar os seus frutos em cima do intervalo, quando o árbitro Tiago Martins considerou falta uma entrada do ex-sportinguista Dramé sobre o internacional português (passível, de resto, de ação disciplinar). Na marcação do livre, Pizzi cruzou com toda a assertividade e Mitroglou, num salto imperial, cabeceou com toda a convicção do mundo para o golo desejado. Foi o 15º no campeonato – já apanhou o portista André Silva no top-3 dos goleadores – e o 26º na temporada, já a melhor da carreira.
Alguns minutos antes, refira-se, “o eterno capitão” arriscou. E muito. Na tentativa de parar um contra-ataque do Moreirense, Luisão entrou com tudo – e por trás – sobre Boateng. Não pisou o avançado dos cónegos diretamente (os pitons acabam por acertar mais de lado) e talvez só por isso tenha escapado à expulsão. Mas lá vêm mais seis ou sete dias de conversa para os comentadores de taberna…
Faltava, porém, o segundo tempo. E mais ação, só na baliza de Ederson. Como aos 49’, quando Dramé foge a Luisão e pica a bola sobre o guardião encarnado. Valeu Lindelof, a cortar sobre a linha. Ou aos 68’, quando o endiabrado Dramé (quem mais?) ganha no corpo a Lindelof e, na cara de Ederson, prefere assistir Neto. O brasileiro, já em esforço, atirou incrivelmente ao lado, quando tinha a baliza escancarada…
Até ao fim, Mitroglou ainda teve mais uma oportunidade, bem travada por Makaridze. E por aí ficaram as contas da partida: muito sofrimento, pouca qualidade de jogo, mas o primeiro lugar no bolso mais uma semana. Pelo menos.

na madeira já se respira melhor Os outros jogos deste domingo reservaram uma grande surpresa, um desfecho normal e um enorme bocejo. Primeiro a surpresa: o Nacional, que não ganhava há 15 jogos e era já dado como morto, foi vencer (1-0) ao terreno do Estoril, precisamente a equipa que praticamente selava a permanência em caso de vitória. Ficou na retina a extraordinária exibição dos homens da Linha na Luz, a meio da semana, quando por uma unha negra não conseguiram o apuramento para a final da Taça de Portugal. Ontem, porém, foram uma sombra dessa equipa e a vitória dos madeirenses, com golo do egípcio Zizo aos 77’, só pecou por escassa.
O Nacional está agora a apenas um ponto do Moreirense, precisamente a equipa que vai receber na Choupana na próxima ronda, no que será uma autêntica final. Além disso, deixou o último lugar para o Tondela, que não conseguiu surpreender na visita ao terreno do Vitória de Guimarães: 2-1 para os vimaranenses, ainda lado a lado com os vizinhos e rivais do Braga.
Também lado a lado, mas no marasmo, ficaram Rio Ave e Vitória de Setúbal, cujo encontro terminou com um enfadonho 0-0. Para quem tem aspirações europeias…