Vemos peixes presos a redes de plástico, gaivotas com garrafas presas nos bicos e sacos de plástico a dar à costa, cheios de algas e conchas. Muitas das embalagens que usamos acabam por ir parar ao oceano e destroem a fauna e a flora que ali habita, mas não é só o ambiente que sofre com este problema: os problemas na natureza estão, aos poucos e poucos, a afetar a vida humana.
É esta mensagem que a associação não – governamental Greenpeace quer passar quando protesta contra várias medidas implementadas por cadeias mundiais de produção de embalagens. O último protesto aconteceu hoje, em Londres, à porta da sede da Coca-Cola, a empresa que, segundo a Greenpeace, produz mais de 100 mil milhões de garrafas de plástico por ano.
A informação começou por ser avançada nos meios de comunicação britânicos, que cita uma análise feita pela organização não-governamental. Em março, a Coca-Cola recusou apresentar os números relativos à quantidade de plástico usado na produção das suas garrafas. Estes números foram pedidos pela Greenpeace, num inquérito feitos às seis maiores empresas do mundo de produção de bebidas.
Agora, a organização garante ter descoberto o ‘segredo’ da empresa norte-americana. “Analisando os relatórios da empresa e as comunicações feitas, conseguimos calcular o total de garrafas de plástico produzidas num ano”, explicou ao i Luke Massey, da Greenpeace, que garantiu que a organização tentou entrar em contacto com a Coca-Cola após a divulgação dos dados, mas que a empresa não respondeu. “A verdade é que não contestaram os números apresentados, mas gostávamos de ouvir o lado deles. Queremos que esclareçam o que está em causa”, afirmou.
Num relatório divulgado com os resultados feitos às seis maiores empresas do mundo de produção de bebidas – Coca-Cola, PepsiCo, Suntory, Danone, Dr Pepper Snapple e Nestlé -, a Greenpeace revela que os cinco maiores grupos (excluindo a Coca-Cola) produzem dois mil milhões de toneladas de plástico todos os anos. “Não temos números concretos quanto às toneladas de plástico produzido pela Coca-Cola, mas acreditamos que, tendo em conta os dados recolhidos, esta empresa norte-americana produz tanto plástico quanto as outras cinco empresas juntas… Ou talvez até mais”, revelou ao i Luke Massey.
A Greenpeace afirma que estes comportamentos não só põem em causa o meio ambiente e a vida animal, mas também a espécie humana. “Todos os anos 12 milhões de toneladas de plástico vão parar ao oceano. Quando são bocados grandes de plástico, os animais podem asfixiar ou ficar presos no lixo. Quando o plástico se parte e forma micro plásticos, os animais podem confundi-lo com comida. O plástico ingerido pode provocar problemas no animal e na cadeia alimentar, o que pode pôr em causa a saúde dos seres humanos”, refere.
Questionada pelo i sobre o assunto, a Coca-Cola não se pronunciou sobre os dados apresentados pela Greenpeace, mas garantiu que tem trabalhado com os seus parceiros com o objetivo de evitar o aparecimento de embalagens nos oceanos. “Todas as nossas embalagens – tanto de vidro como de plástico – e as nossas latas de alumínio são recicláveis. Devido à falta de infraestruturas em algumas localidades, é possível que as nossas embalagens não sejam recolhidas e recicladas da forma correta”, garante a empresa.