O vereador do Urbanismo, da Reabilitação Urbana e Obras Municipais da Câmara de Lisboa defendeu em entrevista ao Diário de Notícias a necessidade de criar políticas que contrariem as desigualdades e a dificuldade do acesso à habitação criadas pela valorização decorrente do investimento estrangeiro no imobiliário na capital. "Só acredito numa forma de contrariar isso", disse o vereador. "Uma oferta de habitação pública a custos acessíveis, com volume que contrabalance os valores de mercado e seja uma alternativa para o arrendamento da classe média."
Manuel Salgado adiantou ainda que a primeira operação de renda acessível avançará na zona do Martim Moniz, onde existem poucos edifícios ou terrenos públicos. "A câmara possui, nos bairros de realojamento, 23 mil fogos. Foi necessário construir esta habitação toda, no programa de erradicação das barracas dos anos 1980/90. Agora é preciso fazer mais habitação a apostar na classe média, que não tem acesso à habitação soical mas que também não tem capacidade para ir para o mercado, muito inflacionado." Segundo o vereador, o primeiro concurso para estas obras será lançado nos próximos meses com o objetivo de ter o primeiro fogo disponível dentro de dois ou três anos.
Mesmo com a pressão do turismo, Salgado acredita que Lisboa "vai ficar melhor" e "mais segura, mais confortável, com melhor qualidade de vida para os lisboetas". Para isso, uma das prioridades será levar os turistas a outras zonas da capital. "Uma das minhas ambições era estancar o acesso dos autocarros de turistas ao centro da cidade", diz o vereador que sublinha ao mesmo tempo a importância de melhorar a rede de transportes públicos que serve os lisboetas.
"Os transportes públicos, infelizmente, estão muito longe de responder às necessidades de Lisboa. Vai demorar algum tempo mas é possível melhorar", promete Salgado, adiantando que a câmara já tem um projeto com vários níveis de intervenção como redes de bairro, corredores bus mais eficientes, renovação da frota e mais motoristas.
Salgado alerta ainda para a necessidade de melhorar a vida de bairro em Lisboa. "Há uma percentagem elevada de idosos que não vêm à rua com medo de escorregar na calçada e nós temos um quarto da população com mais de 65 anos. Estamos a pôr pavimentos menos escorregadios."