A antevisão do encontro do FC Porto com o Braga ficou marcada por uma convicção já manifestada anteriormente por Nuno Espírito Santo: no entender do técnico, os dragões "só" têm de se preocupar em vencer todos os seis jogos que faltam até ao fim do campeonato para poderem festejar o título. "Mantemos plena convicção disso", salientou Nuno, certo de que o líder Benfica ainda irá escorregar nas seis jornadas que faltam.
Pela frente, os portistas terão uma equipa marcada pela irregularidade nesta temporada, especialmente desde que Jorge Simão assumiu o comando. Ainda assim, Nuno espera um adversário "no máximo das suas forças e com os níveis de motivação muito altos", como "todos os adversários quando defrontam o FC Porto". "Este é um rival difícil na sua casa, é o próximo por isso é o mais difícil e é o que nós mais preparámos, em que mais nos concentrámos para chegar a sábado, competir e conseguir o objetivo principal que é vencer. Nunca estaremos por baixo, estaremos sempre muito mais motivados e aptos a competir", garantiu o técnico dos dragões, recusando revelar qual a fórmula que utilizará: se Corona, se André Silva de início: " Temos o treino de amanhã para tomar decisões, com a convicção que vamos apresentar uma equipa forte e competitiva para competir em Braga. Todos os jogadores são opção o que é uma extrema felicidade para a equipa técnica. Seria absurdo comentar as decisões que vamos tomar em relação ao plano de jogo. Estaria a dar trunfos ao nosso adversário. Apresentaremos um FC Porto forte e convencido para competir no máximo das suas forças, as opções que temos são muito boas e muito válidas."
Questionado sobre o facto de o FC Porto ainda ter quatro deslocações pela frente nas seis jornadas que faltam, e todas perante adversários que lutam por objetivos muito concretos (Braga, Marítimo e Chaves pela Europa, o Moreirense pela permanência), Nuno desvalorizou esse facto. "Todos os jogos são difíceis, todos foram extremamente difíceis, as equipas trabalham muito bem, todas têm qualidade e nós temos que estar preparados para isso. Fomos mostrando ao longo do tempo que continuamos a melhorar no nosso dia a dia e isso é que é importante, a maneira como encarámos o dia a dia, isso é que constrói as bases de uma equipa que quer ser campeã. Braga? É o mais difícil porque é o próximo. Apenas e só isso. O seguinte será igualmente assim", referiu o treinador dos azuis e brancos.
Na primeira volta, por esta altura, os dragões passavam por uma série terrível, com vários empates sucessivos e quase todos sem golos. A receção ao Braga foi igual até aos 90'+5', quando o júnior Rui Pedro marcou o golo que garantiu o suado triunfo aos dragões e mudou a história da equipa na prova. Hoje, o FC Porto é segundo, a um ponto do Benfica, com quem está numa luta titânica pelo título, e Nuno explica esta mudança da seguinte forma: "O que foi fundamental, e será sempre, é nunca perder o rumo. Momentos menos bons foram ultrapassados com essa ideia. Houve momentos importantes e todos contribuíram com uma ação, pelo menos, para neste momento estarmos capacitados para competir até ao fim para conquistar o título. Todas as ações, sejam defensivas ou ofensivas, foram determinantes para a construção de uma equipa. Quando queremos construir uma equipa temos de nos focar em nós, temos de competir o máximo e em todas as competições temos de focar-nos em nós. É pena que não possam ver o trabalho diário e a forma como os jogadores trabalham."
Durante a semana, Óliver descreveu Nuno como um "treinador-adepto", garantindo que os jogadores portistas se identificam com essa forma de trabalhar do técnico. Sobre o assunto, o antigo guarda-redes português preferiu ressalvar aquela que é a sua ideologia enquanto treinador dos dragões. "Desde o primeiro dia que encarámos este grande desafio que era devolver o FC Porto ao lugar que pertence: ser campeão. Essa é a grande responsabilidade que temos enquanto grupo. Quebrar este ciclo de três anos sem vencer. Essa é a motivação que transmito aos jogadores no seu dia a dia e eles correspondem ao máximo. O espirito do portista será sempre esse. A ambição do clube implica isso. Querer mais, conquistar mais, trabalhar mais, dedicar-se mais", realçou Nuno.
Entretanto, o treinador do FC Porto foi questionado sobre os cânticos dos seus adeptos no jogo de andebol desta quarta-feira frente ao Benfica ("Ai quem me dera que o avião da Chapecoense fosse o do Benfica"), que levaram inclusivamente o clube portista a demarcar-se dos mesmos pelo teor ofensivo. A resposta de Nuno foi sobre tudo… menos sobre isso. "Para Braga, sabemos que foram solicitados 6300 bilhetes, não vão ser todos, serão 2500, talvez mais. O mais importante é o que nós temos sentido. Os adeptos transformam o espírito do dragão em qualquer cidade do país. É uma grande alegria para nós. Os que vão estar vão apoiar, os que estarão em casa e os que ficarão no carro a ouvir o relato. Os portistas são todos muito importantes para nós", disse apenas o técnico, antes de comentar desta forma o "ruído" que tem existido nos últimos tempos em torno dos dois principais candidatos ao título: "É olhar para dentro e focar-nos em nós."