Jorge Jesus: “V. Setúbal faz muito anti-jogo”

Treinador do Sporting revela ainda acreditar que Alan Ruiz e Bas Dost são a melhor dupla atacante do campeonato

O Sporting realiza esta sexta-feira o terceiro encontro da temporada com o Vitória de Setúbal, segundo no Bonfim. Como tal, Jorge Jesus já está bem identificado com as principais qualidades dos setubalenses, que considera uma equipa "perigosa"… por se defender muito bem. Com tudo o que isso quer dizer.

"Toda a gente sabe que, este ano, nos confrontos com as chamadas equipas grandes, o Vitória já fez bons resultados. Tanto com o Benfica como com o FC Porto. Isto é sinal que é uma equipa que defende bem. É uma equipa que, quando marca primeiro, pelo facto de defender bem, tornar-se perigosa, porque depois faz muito anti-jogo. Anti-jogo é não haver jogo, é o jogo estar parado. Há algumas fomas de fazer anti-jogo, entre as quais aquela que se pode fazer mais, e que tem a ver com as atitudes dos guarda-redes. Também faz parte do jogo. Cada equipa pode saber jogar com ela ou não. Mas para quem vai ver o jogo, gosta mais de ver jogo do que anti-jogo", salientou o técnico sportinguista, que preferiu desvalorizar o tema das polémicas entre os dois clubes após o encontro da Taça da Liga, onde os sadinos venceram por 2-1 com um penálti nos descontos muito contestado pelos leões – na sequência disso, o Sporting ordenou os regressos imediatos de André Geraldes e Ryan Gauld, que estavam cedidos aos setubalenses desde o início da temporada: "Se os dirigentes fossem jogar uns contra os outros, se calhar havia [tensão]. Mas como eles não jogam, a pergunta não tem cabimento. Isso não passa pelos jogadores e pelo jogo. A tensão que vai ter é que ambas as equipas querem ganhar. Essas situações paralelas não contam para o jogo."

Para este encontro, Jesus já pode contar com Gelson Martins, que falhou a receção ao Boavista por lesão. O extremo, porém, está "à bica": um amarelo deixa-o fora do dérbi com o Benfica. Mas o técnico não está preocupado com isso. "Não adivinho. Sei lá se vai levar cartão ou não. Se o colocar a jogar, não é pelo cartão. Se não jogar ele, joga outro", disparou Jesus, referindo-se ainda a Adrien, que voltou à competição na última ronda após quase dois meses de fora: "Já jogou meia hora com o Boavista. Está a fazer o seu percurso, dentro da intensidade que temos de dar. Vai estar convocado, e tem mais uma semana de trabalho, pelo que está melhor, de certeza."

Questionado sobre a boa forma de Alan Ruiz, que soma seis golos nos últimos oito jogos, Jorge Jesus deixou elogios ao argentino, mas também a Bas Dost, fazendo uma análise curiosa sobre a dupla. "Os jogadores têm todos um período de adaptação, que é muito grande quando se muda de clube e de país. O Alan Ruiz foi contratado com 21 anos. É um miúdo. Tem 22 anos agora. Na Argentina não era assim tão conhecido. Jogava numa equipazinha, o Colón, mas vimos qualidade e apostámos nele, embora às vezes os treinadores se enganem. Sabíamos que o talento estava lá – e está -, e era uma questão de tempo. Hoje, penso que o Alan Ruiz e o Bas Dost são a melhor dupla de avançados do campeonato", atirou o técnico sportinguista.

Na garganta de Jesus continua entalada… a época passada. O treinador do Sporting não esquece que a época mais conseguida da sua carreira em termos pontuais acabou por não corresponder ao título de campeão. "Sabemos que não vamos conseguir a pontuação da época passada. Nem pouco mais ou menos. Nunca me vou esquecer que fiz 86 pontos e não fui campeão, mas pronto…Vocês podem perguntar porque estou sempre a dizer isto…este ano ninguém vai fazer 86 pontos, e alguém vai ser campeão", referiu. Na verdade, o Benfica ainda pode conseguir esse registo esta temporada: "basta-lhe" vencer os seis jogos que faltam – incluindo a visita… a Alvalade, na próxima semana. Jesus, porém, prefere agora focar-se na "qualidade de jogo" que o Sporting tem vindo a apresentar: "Em oito jogos ganhámos sete e empatámos um. O Sporting está a um nível muito alto, como esteve no início da época, até uma determinada jornada."

A terminar a conferência de imprensa, o treinador do Sporting foi questionado sobre o atentado ao autocarro do Borussia Dortmund, respondendo desta forma: "Prefiro nem comentar, porque o futebol é uma paixão, um sentimento, em toda a parte do mundo. E para mim o importante é esse sentimento e essa paixão. Aquilo que o futebol transmite ao mundo, em termos de solidariedade e união. Não é um pormenor que vai ligar aquilo ao que o futebol de mais importante, que é a união dos povos, das famílias, das rivalidades desportivas. Isso é que é o futebol. Por mim nem uma imagem disso passava na televisão."