Espanha.Três candidatos para um PSOE moribundo

Susana Díaz e Patxi López já entregaram as suas candidaturas, o ex-líder Pedro Sánchez entrega amanhã e denuncia pressões do aparelho nas mãos de Díaz 

Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. A campanha eleitoral oficial para líder do PSOE ainda não começou e já se trocam acusações. O antigo líder do partido, Pedro Sánchez, contesta que o recenseamento oficial dos cadernos eleitorais com os militantes socialistas só seja conhecido e encerrado depois da entrega das candidaturas. 

Neste momento, e a olho, são necessários 9 mil assinaturas de militantes, cerca de 5% do previsível número total, para se poderem candidatar. E as acusações de Sánchez não se ficam por aí: acusa a candidatura apoiada pelo aparelho, Susana Díaz, de pressionar os militantes para que não subscrevam a sua. Um dos porta-vozes da candidatura do ex-líder, José Luis Ábalos, vai mesmo mais longe: há muitos militantes que estão a assinar candidaturas distintas que já “garantiram que votariam Pedro Sánchez”, porque o voto é secreto. 

Aparentemente indiferentes a esta polémica, Susana Díaz e Patxi López formalizaram as suas candidaturas. O seguinte passo, que decorrerá entre 20 de abril e 4 de maio, é a recolha dos mais de 9 mil “avales” dos militantes. 

As candidaturas de Pedro Sánchez e Patxi López dão como garantido que a candidatura do aparelho não se vai ficar pela recolha de 5% dos militantes e pretenderá mostrar, já nesta fase, que conta com grandes apoios – algo que não é muito difícil, dado a candidata ser presidente da região da Andaluzia, de onde são quase 40% dos militantes do PSOE, e ter o apoio de quase todo o aparelho nacional do partido. 

Todas as candidaturas vão ter de entregar apoios a mais, não vá o diabo tecê-las, pois o recenseamento dos militantes só encera a 28 de abril, oito dias depois da data de começo da recolha oficial das assinaturas. O candidato Patxi López é pragmático a esse respeito: “O objetivo da minha candidatura é ter os apoios necessários para concorrer, para depois ter o apoio da maioria que hoje está silenciosa.” Já o homem que apresentou a candidatura de Susana Díaz, Eduardo Madina, o dirigente do Partido Socialista Basco que foi derrotado por Sánchez em anteriores primárias, declarou: “O tempo novo no PSOE e no país começará com Susana Díaz como secretária-geral do PSOE.”

Esse tempo novo começou com o derrube de Pedro Sánchez para o impedir de poder formar governo, “à geringonça”, com o Podemos e os partidos catalães. A linha política de Susana Díaz passa por combater o Podemos, hoje à frente do PSOE nas sondagens, de forma a conseguir reconstituir o bipartidarismo em Espanha. O país foi sempre governado, tirando no interregno da transição para a democracia, por governos do chamado centrão: ou socialistas ou do Partido Popular. A presidente do governo autónomo da Andaluzia tem o apoio de todos os ex-líderes do partido, tirando Sánchez. Resta saber se os espanhóis querem mais do mesmo e se vão voltar a dar maioria aos socialistas.