Se a agenda eleitoral europeia para 2017 já estava sobrecarregada, com a realização de importantes votações na Holanda (março), em França (abril e maio) e na Alemanha (setembro) – e, quem sabe, em Itália –, a decisão de hoje do parlamento britânico, a favor do dia 8 de junho como data oficial para as próximas eleições gerais no Reino Unido, vem dar ainda mais destaque a um ano inédito.
Passadas pouco mais de 24 horas desde o anúncio surpreendente de Theresa May, no qual propôs novas eleições, de forma a que o próximo governo possa encarar as negociações da saída do Reino Unido da União Europeia com o apoio de todos em Westminster, a Câmara dos Comuns logrou a obrigatória maioria de dois terços, e deu luz verde à antecipação do ato eleitoral, inicialmente previsto para 2020. A proposta foi então aprovada, com 522 votos a favor e 13 contra.
À semelhança daquilo que tinha já defendido na terça-feira, Jeremy Corbyn aproveitou o debate de hoje, na câmara baixa do parlamento britânico, para saudar a iniciativa, mas também para criticar May, por ter rejeitado repetidamente convocar eleições antecipadas. “Já não podemos confiar na primeira-ministra”, concluiu o líder trabalhista, citado pela BBC.
Theresa May esforçou-se por explicar aos deputados o porquê da sua relutância constante em ir a votos e justificou que a decisão de avançar para a eleição se deveu ao calendário previsto para o Brexit, lembrando que a fase mais “difícil e sensível” das negociações [finais de 2018 ou inícios de 2019] ocorreria numa altura em que as eleições legislativas já “estariam no horizonte” de todos. Uma justificação que não convence o Partido Nacionalista Escocês, que acusou May de “oportunismo político”.
Para além das críticas à “mudança de ideias” da líder do executivo, a oposição tem mais razões de queixa. É que May revelou que não irá participar em qualquer debate televisivo, até ao dia da votação. “Está com medo”, criticou Corbyn.