Como sempre acontece, o Real Madrid-Barcelona tapou com a peneira das suas vaidades o céu do fim-de-semana do futebol na Europa. Para segundo plano ficaram o derbi de Lisboa, a vitória da Fiorentina de Paulo Sousa sobre o Inter (5-4!!!), o desafio do Manchester United de Mourinho perante o City de Guardiola (encontram-se na próxima quarta-feira), o apuramento de Chelsea e Arsenal para a final da Taça de Inglaterra, e tudo o mais que faz a felicidade de alguns mas não concita o entusiasmo de todos.
A verdade é clara e límpida como os olhos da Michele Pfeiffer. El Clássico entra pela casa de todos nós dentro com um poder magnético impossível de igualar. Pode ser subjectivo, mas não há outro jogo tão poderoso em todos os capítulos que compõem o universo do jogo inventado pelos ingleses. Ainda por cima quando, na mesma semana, os de Madrid se apuraram para as meias-finais da Liga dos Campeões, à custa do Bayern de Munique e de uma ajudazinha muito jeitosa de um húngaro de nome Kassai, e os catalães se viram batidos pela tão prática quanto cínica Velha Senhora Juventus.
Peso diferente, portanto, para os dois que se encontraram ontem à noite no Santiago Bernabéu. Não ganhando, o Barça ficaria praticamente arredado da luta pelo título, já que a vantagem do Real era consistente e, ainda por cima, tem ainda um jogo em atraso.
Messi!
Sem Neymar dir-se-ia que o Barcelona entrava mais fraco. Afinal falamos daquele que é tido, neste momento, como o melhor depois de Ronaldo e de Messi, não obrigatoriamente por esta ordem. Marcou primeiro Casemiro, que além do golo foi o rei da distribuição de pancada a ponto de deixar o argentino como aquele personagem do filme Fargo, agarrado à boca com guardanapos de papel. Depois, Messi foi Messi. Único, portanto. Um lance mágico de duende iluminado. Lindo, lindo, lindo! Ficava tudo em aberto para os últimos quarenta e cinco minutos.
Mas a verdade não se desmentia – o empate dava um jeitão ao Real e muito pouco jeitinho ao Barça. Seria tempo de dar o tudo por tudo? Luis Enrique terá ficado na dúvida. Afinal, adiar é, às vezes, a melhor forma de resolver problemas. Nada continua urgente ao fim de seis meses. As coisas equlibravam-se sobre a relva, mas duas inteligências alimentavam um duelo especial – as dos dois treinadores. Mais aberto, o segundo tempo animou a malta, que era o que fazia falta. Melhor o Barcelona: optou pela bola em vez da canela. Sérgio Ramos foi expulso e bem, como Casemiro deveria ter sido. O Real reinventa-se e empata. Tem o título ao estender da mão por via das fragilidades defensivas do adversário. Messi é Messi! E o mundo vê!