Afinal era outro, o vencedor do Óscar de Melhor Filme não era “La La Land”, era “Moonlight”, de Barry Jenkins, com toda a diferença que isso fazia para a história na primeira edição dos prémios da Academia norte-americana de cinema após da era de Donald Trump. História mais que escrita, descrita e vista no YouTube para mesmo assim ter ficado até hoje a dúvida do que terá acontecido para Faye Dunaway e Warren Beatty, a dupla de “Bonnie and Clyde”, ter anunciado o Melhor Filme errado com o nome de Emma Stone no cartão a fazer ver que algo não estaria bem ali.
Pois a atriz que anunciou o vencedor depois da relutância de Beatty falou pela primeira vez sobre o que aconteceu, numa entrevista à norte-americana NBC.
“Ele [Warren Beatty] tirou o cartão do envelope e não disse nada. Fez uma pausa, olhou para mim, a disfarçar, olhou à volta até que eu disse: ‘És impossível!’”, contou a atriz naquela que foi a sua primeira entrevista depois do escândalo do erro no anúncio do grande vencedor da última edição dos Óscares. “Achei que estava a brincar, que estava paralisado. E o Warren é assim, tem esse poder – da pausa dramática!”
Veio então o momento a que todos assistimos, sequência de movimentos que não esqueceremos a conduzir ao anúncio do vencedor errado: Beatty mostra a Dunaway o envelope com a informação errada – era na verdade um duplicado do envelope do prémio anterior, que entregava a Emma Stone o Óscar de Melhor Atriz por “La La Land” – e a atriz segura-o para anunciar: “La La Land”. E foi já com toda a equipa e o elenco do musical de Damien Chazelle no palco que um dos produtores do suposto vencedor do Óscar de Melhor Filme anunciou que afinal tinham perdido.
“Ficámos completamente atordoados”, recorda Dunaway, distinguida com Óscar de Melhor Atriz em 1977, com “Network”. Mais do que chateada, acrescentou, sentiu-se “muito culpada” pelo que aconteceu. “Senti mesmo que podia ter feito alguma coisa. Como é que eu não vi o nome da Emma Stone na parte de cima do cartão?”
Já no início deste mês Beatty, que foi quem logo na própria noite explicou que o envelope tinha sido trocado, ainda antes de a equipa de “Moonlight” subir ao palco do Dolby Theatre para receber o prémio, se tinha referido àquele momento como um grande “caos”, em entrevista ao irlandês Graham Norton.
A responsabilidade pelo maior falhanço da história das cerimónias de entrega dos prémios da Academia norte-americana de cinema viria a ser assumida pela PwC, a empresa que há 83 anos é responsável pelo processo de votação dos Óscares, que explicou que houve uma troca de envelopes e pediu desculpa pelo erro.