Assembleia-geral de acionistas do BPI marca fim de um ciclo no banco

Reunião no Porto vai eleger nova administração de banco agora controlado pelo CaixaBank

Hoje é a última assembleia-geral de acionistas do BPI com Fernando Ulrich como presidente executivo. O momento marcará o fim de um ciclo no banco que é agora controlado pelo CaixaBank.

O encontro, que terá lugar no Porto, vai eleger a nova administração, depois de o grupo catalão CaixaBank ter passado a controlar 84,5% do banco BPI, através de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), ao fim de dois anos de ‘guerra’ com o segundo maior acionista, a angolana Santoro. A holding controlada por Isabel dos Santos acabou por sair do capital do banco.

O espanhol Pablo Forero assume a liderança da instituição financeira, enquanto Fernando Ulrich, que esteve na liderança executiva nos últimos 13 anos, passa a chairman, substituindo Artur Santos Silva, fundador do BPI. “Saudades não vou ter nenhumas porque continuo cá. Já trabalho há 45 anos e já não tenho a energia que já tive. (…) Continuarei completamente comprometido com o BPI. Espero talvez com um pouco menos de stresse”, afirmou Fernando Ulrich em fevereiro passado.

Neste encontro, vão também ser aprovadas várias alterações aos estatutos, entre as quais a eliminação dos limites de idade que impedem a eleição de um gestor executivo que tenha completado 62 anos no ano anterior à nomeação.

Os restantes ajustamentos estatutários dizem respeito aos poderes da administração para realizar aumentos de capital e emissões de dívida, às comissões especializadas que apoiam o conselho de administração, à dimensão da comissão executiva, à remuneração dos órgãos sociais e à duração dos seus mandatos.

Também em cima da mesa estará a aprovação das contas do BPI, que já apresentou os resultados de 2016, ano em que lucrou 313 milhões de euros, mais 32,5% do que em 2015.

A assembleia-geral servirá ainda para deliberar sobre a política de remunerações para os próximos anos, que, entre outros pontos, propõe que a Comissão Executiva receba até 5,5 milhões de euros por ano, mais 1,4 milhões de euros de remuneração variável. A reunião tem ainda um ponto respeitante à remuneração variável a ser paga à comissão executiva que termina mandato.

Segundo a proposta feita pela comissão de remunerações, o maior valor será para Ulrich (465,5 mil euros). Já António Domingues, que foi vice-presidente do BPI durante parte do ano de 2016, antes de assumir funções como presidente da Caixa Geral de Depósitos (num curto e polémico mandato de quatro meses), receberá 106,7 mil euros.

Reestruturação

Apesar de, para já, ainda não se perspetivar completamente o que irá acontecer ao BPI no novo ciclo sob a égide do Caixabank, um reestruturação parece certa.

O grupo catalão tem como objetivo reduzir custos, desde logo com a saída de cerca de 900 trabalhadores nos próximos dois a três anos, através de rescisões por mútuo acordo.