O governo turco proibiu este sábado o acesso à Wikipédia, justificando-o com uma lei que lhe permite vedar a entrada em websites considerados “obscenos” ou – como afirma que é o caso – uma “ameaça à segurança nacional”.
A restrição foi anunciada este sábado pelo organismo fiscalizador BTK em nome do bem-estar dos cidadãos turcos. A decisão será agora avaliada pelos tribunais, que têm dois dias para decidir se a medida é legal.
O governo turco tem um longo historial de restrições temporárias a sites de redes sociais, mas é a primeira vez que atinge a encilopédia online. Em períodos de eleições, protestos ou atentados, Twitter e Facebook são alvos frequentes.
Mas a mão pesada do governo só se tornou mais severa desde a tentativa falhada de golpe de Estado de julho do último ano. Desde então, mais de 120 mil funcionários públicos foram despedidos, suspensos ou detidos, sob o pretexto de perterncerem a um círculo de "gulenistas", próximos do imã exilado Fethullah Gülen, que Ancara culpa pelo golpe.
Cerca de 40 mil pessoas foram detidas desde julho. Milhares estão ainda na prisão e, ao ritmo das novas detenções – foram detidos mil imãs esta semana, por exemplo, sob a acusação habitual – não parece haver sinais de que a mão pesada do governo se esteja prestes a dissipar.
Isso é ainda menos provável agora que Recep Tayyip Erdogan conseguiu uma vitória importante no referendo que lhe expande os poderes na presidência e permite ficar no cargo por mais quase 20 anos. Erdogan é a cara das censuras e detenções e argumenta que elas são necessárias para proteger a segurança do país.