O semáforo amarelo que se acende na Luz

Cada vez mais depressa a caminho do fim, como areia que escorre, fina, por entre os dedos

 O campeonato nacional, tão metido em tratos de polé por via de um nunca mais acabar de acusações, insultos e outras tranquibérnias que até já meteram, esta época, um assalto quase à mão armada a um estágio de árbitros, com ameaças a eito, tem hoje mais dois jogos decisivos para a luta do título, tão enjoativamente a dois, como sabemos de há muitas semanas para cá.

Benfica-Estoril; Chaves-FC Porto.

Benfica primeiro, em casa, lá para o ocaso da tarde, apressado na vontade de garantir os três pontinhos fundamentais. Avisos contra a euforia já foram mais do que muitos. Vindos até de Luís Filipe Vieira que tem marcada na memória, a ferro em brasa, a desilusão de um empate frente ao Estoril antes de uma ida às Antas onde o golo serôdio de um jovem brasileiro chamado Kelvin tirou a equipa de Jorge Jesus de um título praticamente anunciado. Mas nem é preciso ir tão longe. Recorde-se aqui a tão recente entrada de leão dos canarinhos na Luz para a segunda mão da meia-final da Taça de Portugal. Vinham os encarnados de uma vitória na Amoreira (2-1) que anunciava uma noite tranquila. O tanas! Apertados até ao tutano, foram obrigados a horas extraordinárias e não se livraram dos incómodos de um empate absolutamente inesperado (3-3).

Avisadíssimo, também, está o dragão. Vendo bem, empatou nada mais nada menos de quatro dos seus últimos cinco jogos. É obra! Oito pontos deitados pura e simplesmente para o balde dos desperdícios. Será possível ainda sonhar com o primeiro lugar que ainda há bem pouco esteve ao estender da mão? – o Vitória de Setúbal que o diga. Todos responderão pela cartilha, essa palavra agora tão em moda, que manda dizer que não há impossíveis no futebol e que é gloriosa a incerteza do desporto. Pois sim. Mas quem tanto erra acaba por pagar caro o custo dos seus erros. Tem sido um FC Porto demasiado macio, demasiado perdulário, de insuficiente espírito de conquista. Se o Benfica não leva os espectadores aos píncaros do entusiasmo, também não se distrai o suficiente para ser apanhado de surpresa. Por isso comanda há meses a fio. E não há motivos para considerar justa essa liderança. A.M.