Meio ano depois de se ter obrigado a si próprio a demitir por derrota de um referendo constitucional, o ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi venceu as primárias do seu Partido Democrático e relançou a sua carreira política.
Setenta por cento dos dois milhões de militantes e simpatizantes votou no antigo primeiro-ministro, renovando-lhe a autoridade que, nos últimos dias no Palácio Chigi, parecia esvair-se diante as submissões da ala esquerda do PD.
Renzi será candidato a primeiro-ministro num momento em que o Movimento 5 Estrelas já o pode ter ultrapassado nas sondagens, liderando.
“Esta é uma responsabilidade extraordinária”, escreveu o antigo primeiro-ministro nas redes sociais, confirmando-se a vitória folgada em relação aos seus dois concorrentes: o ex-ministro da Justiça, Andrea Orlando, e o governador da região de Apúlia, Michele Emiliano.
Renovado
Renzi repete sensivelmente a margem de vitória que conseguiu em 2013 nas primárias do PD, sai praticamente incólume da hibernação de seis meses e, segundo escrevia esta segunda-feira o “El País”, a palavra de ordem entre os seus apoiantes é tentar antecipar as eleições legislativas de 2018 para o outono deste ano, na esperança de cavalgar na onda de uma vitória de Emmanuel Macron em França e enfraquecimento do sentimento eurocético que alimentou a ascensão do Movimento 5 Estrelas.
Consegui-lo exigirá uma reforma na lei eleitoral, que, em todo o caso, o movimento de Beppe Grillo diz estar disposto a negociar com o PD – o Parlamento, esse, está altamente fraturado.
O PD controla ainda o governo e o posto do presidente da República. Paolo Gentiloni está no cargo de primeiro-ministro e Sergio Mattarella no de presidente, mas o poder, afirma-se consensualmente, continua a pertencer aos círculos de Renzi, que, no entanto, pode agora distanciar-se dos acontecimentos mais incómodos em Itália, como, por exemplo, a crise na companhia aérea Alitalia, o sistema bancário e a imigração. O vigor da oposição de Grillo é a grande incógnita.