Legitimado há cerca de duas semanas pela vitória suada no referendo de alteração da Constituição da Turquia, que transformará o seu sistema parlamentar num Governo presidencialista de um homem só, Recep Tayyip Erdogan não perdeu tempo, e ordenou uma nova operação de larga escala, capaz de passar a pente fino as 81 províncias do país, em busca de suspeitos de participação no golpe de Estado fracassado, levado a cabo em junho de 2016.
Assim, entre a noite de terça-feira e madrugada de quarta, a Polícia turca prendeu 1009 pessoas de uma lista que também inclui cerca de 2200, ainda por prender.
Suleyman Soylu, ministro do Interior da Turquia, revelou que os mais de mil detidos foram identificados como podendo ter ligações ao líder religioso Fethullah Gulen, o homem que o Presidente Erdogan e os seus próximos acusam de ter sido o orquestrador da tentativa de assalto ao poder, a partir dos EUA.
Citado pela Al-Jazeera, Soylu descreveu as detenções como «um passo importante» na missão do Governo de «derrubar o movimento Gulen», horas depois de Erdogan ter explicado à agência Reuters que continua em curso uma verdadeira «limpeza dos membros do movimento», dentro das «Forças Armadas, da Justiça e da Polícia»
Segundo os números disponibilizados pelo Ministério do Interior, já foram detidas mais de 47 mil pessoas desde junho do ano passado. Entre aquelas contam-se pelo menos 10700 agentes da Polícia e 7400 militares. Além disso, mais de 120 mil pessoas – que incluem soldados, polícias, funcionários públicos, jornalistas, juízes, professores ou deputados – foram despedidas ou suspensas dos seus cargos. Todos acusados de estarem ligados a grupos terroristas.