A surpreendente notícia de que Serena Williams está grávida veio criar um contexto completamente diferente ao regresso desta semana de Maria Sharapova ao circuito, após uma suspensão de 15 meses por ter acusado positivo um teste antidoping em janeiro de 2016.
Serena Williams e Maria Sharapova são as únicas verdadeiras divas do ténis atual. O circuito profissional feminino aguenta-se bem sem uma delas… mas a ausência das duas seria uma verdadeira prova de fogo, um teste de popularidade pelo qual a WTA (Associação das Tenistas Profissionais) não quer seguramente passar.
Muito menos quando o circuito masculino volta a rebentar a escala em todas as audiências devido à ressurreição das carreiras de Roger Federer e Rafael Nadal!
A estratégia televisiva delineada pelo circuito WTA, que levou ao desaparecimento dos seus mais importantes torneios do Eurosport (à exceção dos Majors) foi, na minha opinião (parcial, pois sou comentador nesse canal) desastrosa para o desenvolvimento do ténis feminino.
O Eurosport transmitia cerca de 400 horas por ano, em muitos casos em sinal aberto e noutros bastava ter uma assinatura de qualquer distribuidor de TV por cabo. O ténis feminino era visto no mundo inteiro sem que se pagasse mais por isso.
Agora é muitas vezes transmitido em canais pagos, seja na TV, seja online, garantindo uma receita fixa ao circuito WTA. Mas quem paga prefere fazê-lo pelo ténis masculino e não pelo feminino.
Não é uma questão de discriminação de género, é uma constatação que me desagrada mas incontornável: o público, mesmo o feminino, consome mais ténis masculino e não são todos os que podem pagar duas mensalidades diferentes para acompanhar os dois circuitos.
É neste contexto que deve também enquadrar-se o regresso de Maria Sharapova. Olhemos para o top-10 do ranking mundial feminino: Williams, Kerber, Pliskova, Cibulkova, Halep, Muguruza, Konta, Radwanska, Kuznetsova e Keys.
Com Serena parada uns bons tempos para ser mãe – quiçá para sempre – quem tem peso mediático para rivalizar com Nadal, Federer, Murray, Djokovic, Wawrinka e companhia?
Só mesmo Maria Sharapova, que nem está classificada no ranking mundial e que reaparecerá na lista na próxima segunda-feira, depois de terminar a sua prestação no torneio de Estugarda, para o qual recebeu um polémico convite.
Mantenho o que escrevi aqui há um mês: não concordo que lhe ofereçam convites para Majors, mas para os outros torneios considero perfeitamente aceitável. E vou mais longe, para o ténis feminino, é bom que ela comece a ter resultados positivos o mais rapidamente possível.