“Vim para a Islândia por amor”
A razão que me levou a emigrar para a Islândia foi o amor, basicamente estava numa relação com um islandês e, a juntar a isto, o meu sentimento de aventura, de querer explorar o desconhecido. Saí de Portugal aos 25 anos para fazer mestrado fora, vivi em Espanha, Alemanha e UK. Depois dei o salto para a Islândia, o ano passado. Estou a viver em Reykjavik há 1 ano e meio e gosto muito. Consegui o mesmo trabalho que já vinha a fazer carreira em Inglaterra, que é em IT-Technical Support. As condições laborais aqui são excelentes. As pessoas trabalham 8 horas diárias e, em geral, nunca ninguém fica a fazer horas extra. Há tempo para ainda usufruir do dia, seja com a família, com os amigos ou mesmo para tirar um tempo só para nós. Diria que o clima é sem dúvida o grande desafio, mas como tudo na vida, habituamo-nos a isso. O idioma é difícil, mas aprende-se. Haja boa vontade e espírito trabalhador que se consegue tudo (ou quase tudo). Restam as saudades da famílias, dos amigos e do sol.
Sara, 31 anos, Lisboa
Estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e saiu de Portugal aos 25 anos. Já viveu na Espanha, na Alemanha e no Reino Unido
“Viver aqui é bom"
Vim para a Islândia essencialmente por motivos económicos. Vim em abril de 2013 e, apesar de ter trabalho na altura, não estava satisfeita, mas também não conseguia encontrar outro trabalho. O meu namorado que também é português e chef de cozinha, também não conseguia. Como ele tinha cá família, em Akureyri, e estavam sempre a insistir para virmos para cá, aceitámos e começámos a trabalhar numa fábrica de peixe. Um ano depois, passei a empregada de mesa num restaurante. Em 2015 e 2016 estive num hotel, como gerente de receção. Mas a costura foi sempre uma paixão e, este ano, depois de ser mãe pela primeira vez, surgiu a oportunidade de trabalhar numa loja de costuras. Viver aqui é bom, acho-os espetaculares com as crianças, e a nível laboral são mesmo compreensivos se tivermos de faltar por causa da nossa filha. Também não se se sente a diferença de classes sociais e sinto que é fácil encontrar trabalho e mudar de área se pretendermos.
Ana Filipa Fernandes, 32 anos, Santarém
Tirou o curso de Marketing e Turismo na Universidade do Algarve em 2008 e está a viver na Islândia há quatro anos
“Apaixonei-me pela Islândia”
Apaixonei-me pela Islândia mas não foi pelo estômago. Pode ser complicado entrar no “sistema”. A Islândia é muito diferente de Portugal e, ao início, pode não ser fácil. Quatro anos depois acredito que depende muito das pessoas que encontramos no nosso caminho…É um país muito liberal em relação a quase tudo mas é também muito rígido noutras coisas. A cultura islandesa é algo que o povo quer mesmo preservar. Com a quantidade de turistas e de imigrantes que vão chegando, notamos o medo da população em perder as suas origens. Mas são raros os casos de racismo, pelo menos comigo nunca aconteceu. Senti-me sempre integrada. Trabalho numa fábrica de chocolates. Quando cheguei fui procurar trabalho e três dias depois já estava a trabalhar numa fábrica de peixe. Tive a sorte de encontrar aqui gente espetacular, de me adaptar e de criar amizades para a vida!
Catarina Correia, 25 anos, RIbatejo
Considera-se ribatejana de gema e parece não atinar com a gastronomia islandesa
“Não tenho vontade ir embora”
Vim para a Islândia para fazer um trabalho de voluntariado com a duração de um ano num centro de sem abrigos, através de Erasmus+SVE. Já cá estou a viver desde 2013. Viver aqui é muito descontraído. Eu ainda não falo islandês e sinto-me moderadamente adaptado. Os nórdicos são mais relaxados e sinceros que os portugueses em geral. Estou a acabar o 1º ano de mestrado em educação internacional e trabalho num centro de ocupação de tempos livres para crianças do primeiro e segundo ano. As maiores diferenças entre a Islândia e Portugal talvez sejam a forma como a sociedade recebe as crianças e os bebés, o clima, a gastronomia e enquanto os islandeses são mais diretos, os portugueses rodeiam muito pela etiqueta. Os portugueses em geral são mais orgulhosos, ao contrário daqui. Sinto sempre a acentuada diferença de classes quando visito Portugal, assim como o título das profissões e a desigualdade de género.
Alex da Silva, 33 anos, Coimbra
Tem dois filhos e garante que “além da Suécia ou Finlândia não existem outros países que providenciem a qualidade de ensino e crescimento que as crianças merecem”.
“Qualidade de vida excecional”
Um lado negativo da vida aqui é que tudo é muito caro, beber uma cerveja no bar custa no mínimo oito euros e ver um filme no cinema custa algo como 14 euros. Quando se é estudante fica complicado, mas a boa notícia é que qualquer emprego, mesmo “part-time”, paga o suficiente. A qualidade de vida aqui é excepcional. Para mim a mais abissal diferença entre a Islândia e o Brasil é a segurança. Aqui não existe crime. Está-se tranquilo em qualquer lugar, a qualquer hora. As pessoas tendem a ser muito educadas, amigáveis (apesar de não muito extrovertidas) e honestas. Nunca senti nenhum tipo de preconceito, muito pelo contrário: as pessoas ficam curiosas para saber mais, já que a maioria absoluta da população é branca. Há quem ache Reykjavik muito pequena para morar, mas para mim essa é uma das grandes vantagens: aqui consigo me focar nas coisas que preciso de fazer. E quando quero sair, é só apanhar um avião, que está cada vez mais acessível.
Pedro Garcia, 29 anos
Considera-se um Creative Technologist, porque é programador que empreende. Mudou-se do Brasil para o país gelado e considera como grande contra da sua estadia o clima do país que é “um desastre”.
“O mais incrível é a natureza”
Sou estudante de doutoramento na Universidade da Islândia. Portanto, quando vim para cá já tinha sido aceite como aluna.Vim para estudar compostos orgânicos de esponjas marinhas, na Faculdade de Farmácia. O mais incrível é a natureza, sem dúvida. As montanhas, os vulcões, os glaciares. Qualquer dia pior é facilmente resolvido com uma caminhada ou uma hora na piscina quente. Em relação à vida social, gosto de viver num país tão pequeno que quase parece uma aldeia. Toda a gente se conhece mais ou menos. As hierarquias são também muito menos marcadas do que em Portugal. Começando pela forma como nos dirijimos às pessoas, em que se tratam todos por igual e terminando, por exemplo, no facto de veres frequentemente no dia-a-dia o presidente, ou a Björk. As condições de vida são, inevitavelmente, muito superiores. Mas acho que isso é natural quando o clima é tão adverso. Há ainda outra grande diferença: ao contrário de Portugal, aqui nunca se tem frio dentro de casa.
Margarida Costa, 29 anos, Lisboa
Estudante de Farmácia, vive há três anos na Islândia