Maria de Lurdes Modesto: “Defendo a cozinha portuguesa, mas não estou fechada à novidade”

A gastrónoma participa no primeiro dia do simpósio Sangue na Guelra

Maria de Lurdes Modesto, guru da cozinha tradicional portuguesa, teve honras de abertura num simpósio sobre o que de novo acontece na gastronomia. "Eu adoro cozinha portuguesa, mas não sou casmurra. Não estou fechada à novidade e ao progresso", garante.

A gastrónoma participa no III Simpósio Sangue na Guelra ‘Cozinha Portuguesa. E agora?’, que junta figuras da área para debater a tradição, os produtos e a inovação da gastronomia portuguesa.

Duarte Calvão, diretor do Peixe em Lisboa, dividiu palco com Maria de Lurdes Modesto e, em tom provocatório, lança a pergunta: "Estão os novos cozinheiros a destruir a tradição?". A autora do livro "Cozinha Tradicional Portuguesa" começa por lembrar que "a cozinha portuguesa está viva", mas que continua a preferir a cozinha familiar – "seja ela no campo, na cidade, mais simples ou mais elaborada" – à comercial.

"Aquilo que me custa", refere, "é ver a expressão 'cozinha portuguesa' servir de guarda-chuva para pratos que nada têm a ver com a sua matriz". Nesses casos, "a cozinha portuguesa é traída", acrescenta.

Apelando aos chefs presentes na sala, entre eles José Avillez, Henrique Sá Pessoa e Alexandre Silva, Maria de Lurdes Modesto salienta: "Ninguém vos priva de criar". Mas admite que quando vai a um dos restaurantes dos chefs vai "para comer bom" e não para comer comida tradicional.