Louis “Dickie” Mountbatten não se resignou à vida desocupada da realeza sem trono. Um estratega de ambições quase desmedidas, tornou-se governador-geral da Índia, liderou a marinha britânica nos anos 1950 e, mais notoriamente, foi o grande orquestrador do casamento de Filipe com Isabel II. Sem ele, os dois nunca se teriam conhecido. E o plano que desenhou para que isso acontecesse foi posto em marcha cedo, na adolescência de Isabel II, quando ela tinha apenas 13 anos e Filipe, sobrinho de Moutbatten, 18. Dickie era próximo de Jorge VI e sabia que o rol de possíveis maridos para a herdeira do trono britânico não era muito vasto. As hipóteses limitavam-se a grandes figuras da corte britânica ou jovens príncipes estrangeiros. Filipe, príncipe da Grécia e Dinamarca, alto, atlético e atraente, tornou-se a aposta de Mountbatten para ele próprio se tornar, de uma forma ou de outra, membro da família real do Reino Unido.
Mountbatten organizou o primeiro encontro entre Filipe e Isabel numa visita ao Real Colégio Naval, em 1937, poucas semanas antes do começo da II Guerra Mundial. Mountbatten fez com que Filipe se tornasse responsável durante uma tarde pelas adolescentes Isabel e Margarida. O charme de Filipe fez o resto. Isabel, conta-se ficou imediatamente apaixonada pelo jovem marinheiro. Começaram a corresponder-se e Filipe confessaria pouco mais tarde a um capitão da marinha o que o podia ter pela frente. «O meu tio Dickie tem ideias para mim: pensa que posso casar-me com Isabel», contou, dizendo que estava «muito» apaixonado e lhe escrevia «todas as semanas».
Da guerra no mar, Filipe passou para a guerra da corte. Caiu imediatamente nas graças de Jorge VI, mas não tanto nas da sua mulher, Isabel, ou do resto da corte britânica, que o olhava com desconfiança: não era suficientemente polido, era um forasteiro não formado, como eles, em Eton, com demasiada proximidade familiar aos nazis. Esses círculos perderam e Filipe casou-se com Isabel em novembro de 1947. Mountbatten conseguiu o desfecho esperado. Filipe não estava tão certo. Antes do casamento, disse a uma sua prima, Patrícia: «Não sei se estou a ser muito corajoso ou muito estúpido».