Filmes podem funcionar como anestesia em crianças com cancro

Estudo feito por especialista portuguesa

Um estudo coordenado por uma radioterapeuta portuguesa e divulgado esta segunda-feira sugere que ver filmes pode uma boa alternativa à anestesia geral dada a crianças com cancro sujeitas a radioterapia.

 Se assistirem a um filme que gostam, projetado no interior da máquina de radioterapia enquanto são submetidas ao tratamento, as crianças podem ser poupadas a dezenas de doses de anestesia, revela a investigação.

Cátia Águas é a radioterapeuta e dosimetrista portuguesa responsável por este estudo. A especialista, que trabalha nas clínicas universitárias de São Lucas, em Bruxelas, apresentou o estudo este domingo, durante uma conferência da Sociedade Europeia de Radioterapia e Oncologia, em Viena, Áustria.

A anestesia foi o método encontrado pelos médicos para manter as crianças quietas durante as sessões de radioterapia. Os tratamentos costumam ser diários e podem prolongar-se por mais de um mês, o que faz com que as crianças têm de ser submetidas a várias doses de anestesia para que o método seja bem-sucedido. Para além disso, os menores têm de estar seis horas sem comer antes de cada sessão de tratamento.

O estudo foi feito com base na observação de 12 crianças, com idades compreendidas entre o 1 ano e meio e seis anos. Metade foi tratada antes do projetor de vídeo ser instalado na máquina de radioterapia, em 2014, e a outra metade foi tratada já com o projetor a funcionar. Antes de existir a possibilidade de ver os filmes, a anestesia geral era ministrada em 83% dos casos – a percentagem caiu para os 33% depois de os filmes estarem disponíveis. As crianças estão mais relaxadas e menos ansiosas durante os tratamentos, afirma a especialista portuguesa.