Menos de um mês depois de Theresa May ter surpreendido os britânicos e a Europa com a proposta de eleições antecipadas, prontamente confirmadas pelo parlamento, para o próximo dia 8 de junho, o Reino Unido já se encontra em campanha eleitoral.
E embora o Partido Conservador parta com significativo favoritismo – de acordo com uma sondagem divulgada pelo “The Telegraph”, os tories agregam 46,7% das intenções de voto, bem acima dos 28,8% dos trabalhistas – a primeira-ministra não quer perder apoios nas próximas semanas, pelo que volta a apostar numa das mais ambiciosas promessas (por cumprir) dos governos de David Cameron: a redução do número de imigrantes no país.
Hoje, em Harrow, no lançamento da campanha nos círculos eleitorais da região de Londres, May insistiu em comprometer-se com uma meta que, durante os seis anos em que serviu como secretária dos Assuntos Internos, o país nem sequer se chegou a aproximar: cortar consideravelmente o saldo líquido da migração do Reino Unido, calculado através da subtração do número total dos que chegaram ao território britânico para ficar por um ano ou mais, com os que saíram do país, igualmente por um ano ou mais – de acordo com os dados do Office for National Statistics, em meados de 2016 este número foi de cerca de 273 mil pessoas, sendo que o recorde foi atingindo entre 2014 e 2015, com um total de perto de 336 mil.
“Queremos reduzir o saldo migratório líquido para níveis sustentáveis. Para isso, acreditamos [na redução de] dezenas de milhares”, confirmou a líder do executivo, citada pela BBC, que disse ainda acreditar que o Brexit facilitará tais objetivos: “Assim que sairmos da UE, teremos a oportunidade de voltar a garantir o controlo das nossas fronteiras e conseguiremos estabelecer as nossas próprias regras”.
Tal como em 2010 e 2015, a redução do número de imigrantes no Reino Unido voltará, assim, a fazer parte do programa eleitoral dos tories, a ser divulgado durante a próxima semana.
Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, relembrou as promessas anteriores que ficaram por cumprir e elogiou a “enorme contribuição”dos migrantes para a economia britânica. Já o liberal democrata, Tim Farron, acusou May de estar a avançar com novas “manobras políticas” que voltarão a ter “poucos resultados”. Mas a desconfiança não vem apenas de fora. Em declarações ao “The Guardian”, membros do Partido Conservador que preferiam manter o anonimato, mostraram-se“céticos” em relação aos resultados de nova promessa, particularmente durante o período de negociações entre Londres e Bruxelas, que se arrastará até 2019. Nesse sentido, acreditam que a mesma se deve à necessidade de May mostar ao eleitorado que o governo “está a trabalhar para esse objetivo”, mesmo que “internamente seja complicado alcançá-lo”.
May rejeita frente-a-frente
As críticas da oposição à primeira-ministra não se ficam apenas pelas ideias e programas. A recusa de Theresa May em participar num frente-a-frente com Corbyn tem causado indignação junto do Labour e restantes partidos opositores.
Segundo uma sondagem BMG Research, feita para o Independent, 54% dos participantes defende que May deveria aceitar um debate o líder do Labour, ao passo que outros 25% acreditam que a estratégia da líder conservadora é a mais acertada. Para já o debate está fora de questão.