No início do mês foi lançada uma nova moeda virtual, ligada ao preço do petróleo. O objetivo da bilur é rivalizar com a bitcoin, líder de um mercado em expansão. Foi também nesta altura que o preço da bitcoin bateu um máximo histórico, depois de ter triplicado o seu valor o ano passado. A prosperar no crescente mercado das moedas virtuais está também a Zcash, que opera sob pressupostos diferentes.
A bilur foi criada pela R Fintech, uma empresa de serviços financeiros com sede em Londres que usa a tecnologia com a qual a bitcoin foi pioneira, ao mesmo tempo que tenta ser uma alternativa para as pessoas insatisfeitas com a flutuação no mercado das moedas virtuais.
“Esta é a primeira moeda virtual com um valor real”, disse o CEO da R Fintech, Ignacio M. Ozcariz, no lançamento da moeda em Genebra, Suíça. No arranque, a bilur tem um valor equivalente a uma tonelada (6,5 barris) de petróleo, qualquer coisa como 325 dólares.
A petrolífera Hockley, com sede no Texas, EUA, disponibilizou 1 milhão de barris de crude como colateral para a moeda. O número poderá ser aumentado caso a bilur se torne popular.
Tal como a bitcoin, a bilur funciona também com tecnologia blockchain e é dirigida às pessoas que gostam de negociar em moeda virtual mas preferem fundos apoiados num bem físico – um esquema semelhante ao padrão-ouro para as moedas tradicionais.
“Ainda somos uma moeda virtual, estamos só apoiados num item físico real”, disse um especialista em tecnologias de informação na R Fintech .
Ao contrário da bitcoin, cada vez mais aceite em todo o mundo, ainda não há comerciantes a aceitar a bilur. A R Fintech quer ganhar dinheiro cobrando aos detentores de bilur uma comissão de gestão de três por cento ao ano, ou 0,01% por dia. Bilur, em basco, significa cadeia, e, segundo a empresa, é mais um nó na tecnologia blockchain.
Outra moeda virtual recente é a Zcash, lançada há sete meses, que tem ganho popularidade por prometer a proteção de privacidade sem comparação.
Dificuldades
Mas esta poderá ter dificuldades de integração no sistema financeiro mais vasto. Depois de se ter estreado nas plataformas de negociação em outubro, a Zcash começou por valer 1000 dólares, quase ao mesmo nível da bitcoin.
À medida que o seu valor tem descido, tem ganho interesse em países como a Rússia, China, Venezuela, África do Sul ou Brasil. Já há brasileiros a pagar impostos e a conta da eletricidade e a fazer compras em Zcash.
Esta moeda virtual distingue-se das restantes pela promessa de proteger a privacidade. Mas, por isso, não oferece a transparência exigida pelas autoridades para prevenir que estas novas moedas sejam usadas para lavagem de dinheiro, financiamento de terrorismo, evasão fiscal ou fraude.
A Zcash foi desenvolvida por investigadores da Universidade John Hopkins e do Massachusetts Institute of Technology, nos EUA, e da Universidade de Telavive Technion-Israel Institute of Technology, em Israel. A identidade de uma das seis pessoas que desenvolveram a criptografia é desconhecida.
A tecnologia de base – zk-Snark – permite transações sem identificação. Os dados que daí resultam são encriptados, mas os utilizadores são livres de se identificarem. A Zcash chega mesmo a obscurecer a origem do pagamento.
Esta tecnologia é a oposta à blockchain, que divulga de forma pública o registo das transações, incluindo as ligações alfanuméricas que identificam compradores e vendedores.
“Não se divulgam todas as comunicações e todas as transações a pessoas que mal se conhecem na internet”, diz o CEO da Zerocoin Electric Coin Company, empresa que gere a ZCash. Zooko Wilcox diz à agência AFP que espera que a maior proteção de privacidade possa ajudar a ultrapassar a relutância em adotar a Zcash como uma alternativa credível às moedas tradicionais.
No entanto, os analistas duvidam que esta moeda virtual consiga vingar no mercado financeiro, uma vez que é muito complicada a sua integração, devido à dificuldade em obter informação sobre a origem dos fundos.
“Que se saiba, nunca ninguém usou a Zcash para qualquer tipo de crime”, disse Wilcox, admitindo que todas as “tecnologias podem ser mal utilizadas”.
Máximo histórico
Em dezembro de 2016 havia 16 milhões de bitcoin e o preço da moeda virtual bateu um novo máximo histórico a 2 de maio, depois de ter triplicado o seu valor no ano passado. A bitcoin, que já vale mais do que o ouro, chega aos 1481 dólares.
O aumento do valor é justificado pela procura no Japão, onde se deu início a um processo de reconhecimento da bitcoin como meio legal de pagamento. As principais cadeias de retalho e de alimentação já aceitam a moeda.
Apesar dos avanços no Japão, a bitcoin ainda enfrenta vários desafios noutras geografias. Em março, o regulador norte-americano não autorizou a negociação de um fundo de transações ligado à moeda virtual, mas está a reavaliar a decisão. Alguns analistas estão otimistas e acreditam que é apenas uma questão de tempo.