O braço-de-ferro entre o governo e o Banco de Portugal não deve parar, apesar do aumento dos dividendos anunciados ontem. A instituição liderada por Carlos Costa garante que não alterou a sua política de provisões, uma exigência do governo e do PS na procura de mais receitas para garantir a baixa do défice do Estado. Carlos Costa mostrou ontem que as palavras de António Costa sobre a instituição são sempre relativas e que a última palavra é sempre do Banco de Portugal.
Ontem, foi revelado que o Banco de Portugal proporcionou aos cofres do Estado um total de 527 milhões de euros, em 2016, entre dividendos e IRC. Os dividendos, que já foram distribuídos, foram de 352 milhões de euros, mais 166 milhões de euros que em 2015, representando uma subida de 88,3%. Já o imposto contabilizou 175 milhões, um acréscimo de 92,3% em relação a 2015, quando o Estado arrecadou 91 milhões em IRC.
O valor final de divididentos foi acima da estimativa que o Banco de Portugal apresentou em setembro ao governo para as contas do Orçamento de Estado, contudo foi abaixo do previsto pelo primeiro-ministro. António Costa esperava uma subida considerável do montante. O primeiro-ministro tinha avançado que tal resultado proviria de uma mudança na política das provisões. Contudo, o Banco de Portugal indica que não se verificou qualquer alteração, o que ocorreu foi antes uma mudança substancial de riscos.
Nas contas apresentadas pelo Banco de Portugal, o regulador apresentou um balanço de 137.717 milhões de euros em 2016, valor do total do passivo e do capital próprio da instituição, que representa uma subida de 17,8% face ao ano anterior. A contribuir para estes valores estiveram o aumento da carteira de títulos em circulação, o crescimento dos ativos de gestão, a valorização do ouro e a evolução positiva das notas em circulação.
Novo Banco baixa prejuízos O Novo Banco registou prejuízos de 130,9 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, um montante que reflecte uma redução de 47,5% face às perdas apuradas no final de março de 2016. A diminuição dos prejuízos resultou, sobretudo, do corte de custos e da diminuição das provisões e imparidades, de acordo com a informação disponibilizada pela instituição em comunicado publicado ontem no site da CMVM.
Os gastos operacionais recuaram 12,9%, para 135,2 milhões, reflectindo o esforço de racionalização que se traduziu no encerramento de cerca de 100 balcões e na saída de quase 1300 trabalhadores, em linha com as exigências definidas pela Comissão Europeia. No final de março, o banco liderado por António Ramalho tinha 536 agências e 6037 colaboradores. Já as provisões e imparidades diminuíram 60,5%, para 137,4 milhões de euros. Esta redução foi possível graças ao menor esforço de provisionamento para crédito, que caiu 35,7%.