Globos de Ouro foram cinema, política… e Fernando Santos

“Cartas da Guerra”, de Ivo M. Ferreira, recebeu o Globo de Ouro de Melhor Filme, Nuno Lopes de Melhor Ator e Fernando Santos subiu ao palco do Coliseu dos Recreios por três vezes na 22.ª edição dos Globos de Ouro da SIC.

Uma edição de Globos de Ouro pelo meio da polémica em torno da Lei do Cinema e do processo de escolha dos júris para os apoios ao cinema e audiovisual, que continua nas mãos da Secção Especializada de Cinema e do Audiovisual (SECA), não podia ter sido de outra maneira. Na apresentação dos nomeados para Melhor Filme não vimos as caras de João Nicolau (“John From”) e Luís Urbano, em representação de Ivo M. Ferreira (“Cartas da Guerra”), mas cartazes que diziam “Não à Lei SECA”. Questão que Luís Urbano, produtor do filme em que Ivo M. Ferreira adaptou “D’ este viver aqui neste papel descripto”, de António Lobo Antunes, voltou a levantar quando subiu ao palco do Coliseu dos Recreios para agradecer em nome do realizador o Globo de Ouro de Melhor Filme para “Cartas da Guerra” e com que já Nuno Lopes (Melhor Ator) tinha aberto também o seu discurso.

“Espero que a lei SECA acabe rapidamente e que se volte a fazer um cinema cujo júri seja idóneo e que lute pelo interesse do cinema nacional e não pelos próprios interesses financeiros”, disse o ator no agradecimento por este seu quarto Globo de Ouro, com Posto-Avançado do Progresso”, de Hugo Vieira da Silva, que estreou no mesmo ano em que “São Jorge”, que só em 2017 chegou às salas portuguesas, lhe deu o prémio de melhor ator na secção Horizontes, em Veneza.

Logo a abrir a entrega dos prémios, a apresentar as nomeadas para o Globo de Ouro de Melhor Atriz, entregue a Ana Padrão, por “Jogo de Damas”, de Patrícia Sequeira, já Rodrigo Guedes de Carvalho tinha alertado para a responsabilidade que têm os artistas, que “podem e devem mostrar que não são apenas sorrisos na passadeira vermelha” e a lembrar que “a arte sempre esteve na primeira linha de resistência contra o mal”. Mais à frente, o convidado Thiago Lacerda não perderia a oportunidade de, ao lado de Luciana Abreu, enviar também o seu "Fora Temer!" para o Brasil. 

Houve ainda espaço para homenagem a Luís Miguel Cintra, que com todo o elenco de “Música”, subiu ao palco do Coliseu para receber o Globo de Ouro de Melhor Peça/Espetáculo, num momento em que aproveitou para recordar a Cornucópia, que “acabou” porque “não é possível na nossa terra”. Melhor Atriz de Teatro foi Isabel Abreu, por “Um Diário de Preces”, e o Melhor Ator “João Perry”, por “O Pai”, numa gala que teve Fernando Santos como um dos grandes homenageados. O treinador da Seleção Nacional subiu ao palco por três vezes: para receber o Globo de Melhor Desportista Masculino por Cristiano Ronaldo, depois em nome próprio para o de Melhor Treinador, e por fim para, emocionado, receber das mãos de Francisco Pinto Balsemão o Prémio Mérito e Excelência desta 22.ª edição dos Globos de Ouro, apresentada por João Manzarra, no ano em que a SIC comemora os seus 25 anos.

A lista completa dos premiados da 22.ª edição dos Globos de Ouro:

Melhor Atriz de Cinema: Ana Padrão, em “Jogo de Damas”

Melhor Ator de Cinema: Nuno Lopes, em “Posto-Avançado do Progresso”

Melhor Filme: “Cartas da Guerra”, de Ivo M. Ferreira

Melhor Atriz de Teatro: Isabel Abreu, em “Um Diário de Preces”

Melhor Ator de Teatro: João Perry, em “O Pai”

Melhor Peça/Espetáculo: “Música”, de Luís Miguel Cintra

Melhor Modelo Feminino: Maria Clara

Melhor Modelo Masculino: Francisco Henriques

Melhor Estilista: Luís Carvalho

Melhor Desportista Feminino: Telma Monteiro

Melhor Desportista Masculino: Cristiano Ronaldo

Melhor Treinador: Fernando Santos

Melhor Grupo: Capitão Fausto

Melhor Intérprete Individual: Carminho

Melhor Música do Ano: “O Amor é Assim”, de HMB e Carminho

Revelação do Ano: Beatriz Frazão

Prémio Mérito e Excelência: Fernando Santos