O Hospital Ortopédico de Sant’Ana, uma das unidades mais emblemáticas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, prepara-se para reforçar a oferta de cuidados de saúde. As obras de construção de um novo edifício, com capacidade para internamento de 60 doentes, estão praticamente concluídas, abrindo-se um novo capítulo nos cem anos de história desta unidade, que começou por ser um sanatório para doentes com tuberculose.
Hoje Sant’Ana é sinónimo de tratamentos ortopédicos e de medicina física e de reabilitação e o envelhecimento da população torna as necessidades nesta área cada vez maiores.
Nesta nova ala, um dos objetivos é reforçar as operações com alta no próprio dia, como é o caso de colocação de próteses e tratamento de hérnias. O novo edifício trará ao hospital, localizado na marginal, junto à Parede, mais 6.688 metros quadrados de área bruta.
Ao longo de dois pisos, com uma galeria ampla e transparente – que dá um toque de luz natural e modernidade a esta nova ala de Sant’Ana – serão instaladas consultas de especialidades até aqui inexistentes no hospital como oftalmologia, neurocirurgia ou otorrinolaringologia, além de novas enfermarias de internamento.
Haverá ainda um novo bloco operatório com quatro salas, uma unidade de cuidados intensivos com seis camas, uma unidade de recobro com 32 lugares e uma central de esterilização e área de gestão de utentes. Ao todo, o projeto representa um investimento de oito milhões e oitocentos mil euros, sendo uma das empreitadas de maior monta da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A intervenção começou com as obras de demolição de uma estrutura existente nos terrenos adjacentes ao edifício principal do hospital, anteriormente destinada ao Centro Ortopédico de Desenvolvimento Infantil – CODI, um projeto suspenso em 1986.
Se passar por aqui, não deixe de espreitar um dos elementos seculares de Sant’Ana que o novo projeto preservou: um dragoeiro plantado em 1905 e classificado como árvore de interesse público em 2007, pelo porte, idade, raridade, valor histórico e paisagístico.
O sanatório de Sant’ana foi inaugurado em 1904, tendo sido legado em 1911 à por D. Claudina Chamiço. Está assim entre os primeiros projetos da Santa Casa da Misericórdia na área da saúde, que desde a sua génese procurou reforçar os cuidados à população de Lisboa, em particular junto dos grupos mais carenciados e desprotegidos.
As enfermeiras mais experientes de Sant’Ana eram religiosas, presença carismática que a congregação das Irmãs Dominicanas de Stª Catarina de Sena mantém na instituição até hoje.