São cenas pouco vistas no universo do ténis, uma modalidade frequentemente tida como sóbria e cavalheiresca, pouco dada a comportamentos polémicos. Tal, porém, parece estar a mudar, e o dia de ontem foi bem elucidativo desse facto.
Tudo começou no encontro entre o francês Laurent Lokoli e o eslovaco Martin Klizan. Mais propriamente no quinto e último set, aquele onde se verificaram os maiores momentos de tensão. Quando Lokoli cometeu uma dupla-falta e perdeu o jogo de serviço para o número 50 do mundo, Klizan celebrou o “break” de forma bastante exuberante, o que desagradou sobremaneira ao jovem tenista francês – e ao público, cujos apupos ao eslovaco foram bem audíveis. O árbitro da partida teve mesmo de descer da cadeira e impedir que os dois tenistas chegassem a vias de facto.
Depois, no final do jogo – que durou quase quatro horas –, Lokoli, número 285 do ranking mundial, recusou cumprimentar o adversário, numa atitude também pouco vista na modalidade que o mesmo justificou desta forma: “Se não lhe apertei a mão, foi por alguma razão. Ele fingiu estar com dores na perna durante dois sets e depois, no quinto, estava a correr como um coelho [a celebrar]. E depois vem falar comigo de respeito… Foi desrespeitoso o que ele fez.” Klizan, refira-se, acabou por vencer por 7-6 (4), 6-3, 4-6, 0-6 e 6-4.
Mas não seria esta a situação mais inusitada de Roland Garros durante o dia. A meio da tarde, a organização fez saber que o tenista francês Maxime Hamou havia sido expulso de Roland Garros por “comportamento inadequado” para com uma jornalista no decurso de uma entrevista… em direto. O vídeo rapidamente se tornou viral, espalhando-se pelo mundo, e no mesmo é possível ver o comportamento impensável do jovem de 21 anos, que por repetidas vezes tentou beijar a repórter Maly Thomas, da Eurosport, agarrando-a pelo braço e tentando ainda apalpá-la.
Hamou, número 287 do mundo, até já tinha perdido na primeira ronda com Pablo Cuevas, mas acabou ainda assim por ser expulso de forma oficial de uma prova onde participou… a convite da organização. “Se não estivesse em direto, tinha-lhe dado um soco. Não mostrou uma boa imagem, destruiu-se a si mesmo. É uma situação muito desagradável, um reflexo das relações entre homens e mulheres que existe na vida quotidiana. Situações comuns, mas que não deviam existir”, disse mais tarde Maly Thomas. Já o treinador de Hamou, Martin Vaisse, considerou “natural que com 21 anos se cometam muitas asneiras”, mas admitiu que terá de trabalhar este aspeto com o jogador.
Tiger Woods volta a desiludir
Mas não é só no ténis que a polémica anda no ar. Na madrugada de segunda-feira, Tiger Woods, um dos maiores nomes da história do golfe mundial, foi detido no Estado norte-americano da Flórida por conduzir sob influência de álcool e marijuana. Ontem, o golfista enviou um comunicado para as redações dos principais meios de comunicação norte-americanos a garantir que o comportamento errático ao volante se deveu a uma “reação inesperada” do organismo à ingestão de diferentes medicamentos. “Não percebi que a mistura de medicamentos me tinha afetado de forma tão agressiva”, escreveu Tiger Woods, já um “habitué” em polémicas – é sobejamente conhecido o escândalo sexual que disparou em 2010 e que levou ao fim do seu casamento. Desde então, a carreira entrou numa espiral decadente que se prolonga até aos dias de hoje.