A mudança no mundo do cinema
Actor, 29 anos
Nasceu em Lisboa e é um jovem ator português que tem brilhado em salas de cinema de todo mundo. Ativista das causas culturais, acredita que o cinema português tem de ser mais reconhecido pelo Estado
Miguel Nunes é um nome cada vez mais sonante no mundo do cinema português. O jovem é um dos Shapers portugueses e é ativo na discussão sobre o futuro da cultura portuguesa, especialmente no que toca ao rumo do cinema e dos apoios que lhe são destinados. “O presente e futuro são, neste país, uma grande incerteza para realizadores consagrados, mas sobretudo para os mais jovens”, confessa ao i. O jovem ator considera que a gestão dos investimentos da produção de cinema está nas mãos erradas e que é necessária uma intervenção urgente do Estado: “A produção de filmes está neste momento nas mãos de gente sem cabeça, que só sabe dar a mão ao dinheiro, e não às pessoas, muito menos a pensar os filmes tanto quanto os realizadores ímpares que o fazem. E o Estado mais uma vez coíbe-se da sua obrigação, de manter vivo o cinema português que é continuadamente reconhecido pelo mundo fora. Não à lei SECA!s”.
Digitalização do setor público
Consultora de Gestão, 26 anos
É natural do Porto, mas é cidadã do mundo. Gestora de formação, acredita que a digitalização trará progresso e poupança a diversos setores.
Chama-se Maria João Montenegro e tem um currículo de arregalar os olhos. Formada em Gestão na Católica há cinco anos, começou por fazer um “gap year” na Austrália. Trabalhou, mais tarde, em Fusões & Aquisições em Londres e regressou a Lisboa para se dedicar à consultoria. Nos últimos quatro anos, como consultora na McKinsey, diz ter tido “o privilégio de trabalhar em seis sectores, do privado ao público, em Portugal, Reino Unido, África do Sul, Angola, São Tomé e Príncipe e Brasil, e a oportunidade de fazer um MBA na Columbia Business School, em Nova Iorque”. Recentemente, mudou-se para a Digital McKinsey em Washington DC, onde se foca nos setores público e da saúde. A jovem garante que “a digitalização do sector público tem um potencial estimado de 1 trilião de dólares anuais”, sendo por isso nessa área que pretende “ter impacto”, não só através da McKinsey mas também dos Global Shapers.
Reestruturar sistemas financeiros
Economista, 30 anos
Natural de Santa Maria da Feira, formou-se na Faculdade de Economia do Porto e já passou pelo Ministério das Finanças
Tiago Espinhaço Gomes é consultor de serviços financeiros na Oliver Wyman desde 2016. Antes exerceu funções de economista no Conselho das Finanças Públicas, de 2013 a 2016, e foi assessor do Ministro das Finanças entre 2011 e 2013. Começou a carreira como consultor de gestão (em 2009), após concluir a licenciatura em Economia no Porto. Aos 30 anos, considera que a sua carreira tem tido impacto na sociedade através de três pilares fundamentais da economia portuguesa. “Primeiro, na McKinsey, trabalhei em seis diferentes setores não-financeiros, ajudando várias empresas a definir a sua estratégia e a melhorar as suas operações. Depois no CFP e no MF, aconselhei os principais decisores de política, acompanhando de perto o processo de ajustamento das finanças públicas”. Hoje Tiago dedica-se à reestruturação do sistema financeiro e à redefinição do modelo de negócio do setor bancário na Oliver Wyman .
Desemprego nos países emergentes
Gestora de Projetos, 26 anos
É de Lisboa e dedica-se a gerir projetos com impacto social. Considera que as redes de conhecimento são essenciais para conseguir desencadear a mudança numa sociedade cada vez mais “ligada”
Filipa Correia de Araújoa gere o “Desafio GB”, uma competição de empreendedorismo na Guiné-Bissau com financiamento do Banco Mundial, em que providenciam capital de arranque, formação e acompanhamento a jovens empreendedores. A maior preocupação da jovem de Lisboa é o desemprego e a desocupação dos jovens nas economias emergentes, especialmente aquelas que se estão a aproximar dos 50% de população com menos de 25 anos de idade. Filipa garante que, neste projeto, e em todos os outros em que já se envolveu, foi fundamental ”ter redes de contacto fortes”. Por isso vê grande potencial em plataformas como a Global Shapers: fazem com que “nunca chegue a um país sem conhecer alguém”. Este tipo de networking e os valores comuns que unem os participantes “são muitas vezes os primeiros ingredientes em parcerias que, de outro modo, seriam improváveis e cujo resultado tende a ser positivo”, sublinha.
Mecanismos de comunicação
Investigador, 33 anos
Licenciado em Economia pela Nova SBE, é mestre em Gestão de ONGs e Desenvolvimento pela London School of Economics, e Doutorando em Estratégia e Empreendedorismo na London Business School. É um millennial casado e tem três filhos.
João Cotter Salvado considera-se um cientista social e está interessado em entender como as organizações e empreendedores formulam e comunicam grandes decisões estratégicas. Neste momento, orienta a sua investigação por dois princípios deixados pelo especialista em gestão Sumantra Ghoshal: rigor e relevância. João acredita que, seguindo estes dois critérios, “o conhecimento produzido será capaz de fazer a nossa sociedade avançar”. Faz parte da rede Global Shapers há quase quatro anos e garante não ter dúvidas do potencial transformador deste tipo de plataformas por três razões principais: “estimulam o confronto saudável de ideias entre pessoas capazes, permitem a identificação de grandes desafios sociais e unem esforços para pensar em soluções em conjunto”. Todas estas razões fazem com que individualmente e em grupo estes sejam “mais capazes de influenciar positivamente a sociedade em que vivemos”.
A tecnologia como solução
Engenheira, 29 anos
Original de Ourém, sempre se fascinou pelo mundo da tecnologia. É uma das fundadoras daquela que foi a primeira empresa portuguesa a participar numa aceleradora americana de topo
Cristina Fonseca é fascinada pela forma como a inovação e a tecnologia podem ser solução de alguns problemas. Escolheu ser engenheira de telecomunicações e informática ao aperceber-se de que a “engenharia da internet” será importante para o futuro. Em 2011, após fundar a Talkdesk, seguiu para os Estados Unidos. Foi a primeira empresa portuguesa a participar num aceleradora americana de topo. “Somos uma inspiração para um ecossistema nacional que cada vez mais desenvolve negócios tecnológicos com potencial mundial e que acredita em impacto global”_conta a millennial ao i. As mudanças dos últimos anos, sobretudo impulsionadas pelos avanços tecnológicos, trouxeram novas expectativas, que a jovem diz resultarem do facto de a sua geração não se rever nos “role models” da anterior. Daí procurarem inspiração e motivação em pessoas com quem se identificam mais e o sucesso de projetos como o Global Shapers.