No Brasil são poucos os que não acreditam que a queda do Michel Temer é apenas uma questão de tempo. Investigado pela alegada prática de crimes de corrupção passiva, obstrução à justiça e organização criminosa – na sequência da delação premiada do empresário Joesley Batista e das gravações que sugerem que terá tentado comprar o silêncio de Eduardo Cunha no âmbito da Operação Lava Jato – o Presidente junta, por esta altura, níveis baixíssimos de popularidade a críticas incontáveis à sua legitimidade, enquanto dirigente máximo do país.
Mas se as acusações de corrupção, os 18 pedidos de impeachment recebidos, até agora, pela Câmara dos Deputados, e as manifestações populares quase diárias – que na semana passada obrigaram mesmo à intervenção do exército em Brasília, numa altura em que já ardiam ministérios – não foram suficientes para Temer apresentar a demissão, o próximo dia 6 de junho pode muito bem ser decisivo para o afastar do poder.
Na próxima terça-feira será finalmente conhecida a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sobre a ‘chapa’ Dilma Rousseff-Michel Temer. Em causa está uma investigação à validade da lista que juntou, em 2014, a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência e o aspirante do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) ao cargo de Vice-Presidente. A dupla é acusada de ter recorrido a financiamento ilegal para essa campanha e caso o TSE confirme esta denúncia, o mandato do atual chefe de Estado será ‘cassado’.
De acordo com o Estado de São Paulo, diversos elementos do PMDB e de outros partidos que suportam o atual Governo acreditam a saída de Temer, naqueles moldes, seria bastante mais «honrosa» para o Presidente, do que o desfecho de um arrastado processo de destituição. Neste sentido, são vários os meios de comunicação brasileiros e internacionais que especulam sobre o eventual interesse do próprio Temer em ser afastado numa jogada que também envolveria a esquerda e o PT, ao invés daquela que resultar das acusações judiciais ou de um processo de impeachment.
Certo é que nos bastidores da política brasileira prepara-se já o pós-Temer. Aos diálogos interpartidários informais, liderados pelos ex-Presidentes Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney, noticiados pela Folha de São Paulo, somam-se as movimentações de forças políticas como o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) ou o Democratas (DEM), integrantes da coligação apoiante do Executivo, que pensam em Rodrigo Maia – atual presidente da Câmara dos Deputados – para liderar o país, até às eleições presidenciais, marcadas para 2018. Tasso Jereissati, Henrique Meirelles ou Nelson Jobim são os outros nomes em cima da mesa para substituir Temer.