O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) acusou formalmente Frederico Carvalhão Gil, espião do SIS (Serviços de Informações de Segurança), e o espião russo Sergey Nicolaevich Pozdnyakov, que integra os quadros do SVR – Sluzhba vneshney razvedki (Serviço Externo da Federação Russa), pela prática dos crimes de espionagem, violação de segredo de Estado, e de corrupção activa e passiva agravados.
Segundo um comunicado da Procuradoria-Geral da República, “o arguido funcionário do SIS foi recrutado pelo SVR para, a troco de pagamento de quantias em dinheiro, prestar informações cobertas pelo segredo de Estado a que acedia em razão das suas funções”.
Tudo terá começado em 2011, tendo a acusação detetado três encontros entre os arguidos. O MP suspeita que, a troco de elevadas quantias, Carvalhão Gil dava informações aos russos sobre a segurança nacional, a defesa da NATO e sobre as secretas portuguesas.
O espião português acabou por ser detido em Itália, quando se encontrava com o cúmplice da SVR.
“Na posse do oficial do SVR foi encontrado e apreendido, designadamente, um documento manuscrito que lhe havia sido entregue pelo funcionário do SIS, contendo informação que foi considerada protegida pelo segredo de Estado. Já ao funcionário do SIS foram apreendidos diversos documentos e objetos bem como a quantia de €10.000,00 (dez mil euros), montante que lhe havia sido entregue pelo oficial do SVR, como contrapartida das informações que indevidamente recebera”, refere o MP.
Carvalhão Gil foi entregue às autoridades portuguesas e ficou em prisão preventiva, tendo esta medida sido alterada mais tarde para a obrigação de permanência na habitação com vigilância electrónica.
Já o espião russo, o tribunal competente para a decisão de cumprimento do mandado de detenção europeu recusou, em julho do ano passado, a entrega do detido às autoridades portuguesas. “Veio posteriormente a ser libertado, tendo regressado ao seu país de origem e sendo desconhecido o seu actual paradeiro”, revela o comunicado.