Mundial-2018. Trombetas e tímbalos: entra o Campeão da Europa!

Hoje, em Riga, não se pode esperar nada mais do que uma vitória. A derrota inicial de Basileia deixou as contas fáceis de fazer

Vai Portugal, ostentando orgulhoso o seu título de campeão da Europa, de longada até Riga, lá para o nordeste do continente, nas margens do Báltico, onde agora é bem mais dia do que noite por via das manigâncias dos movimentos de translação terrestres, com a obrigação inegável de vencer a Lituânia, seu próximo adversário nas contas do Grupo B de qualificação para a fase final do campeonato do Mundo de 2018, que se disputará na imensidão federal da Rússia daqui a pouco mais de um ano.

Vai por inteiro, com o seu capitão, Cristiano Ronaldo, aureolado com mais uma Taça dos Campeões Europeus e exibindo uma voracidade notável no que às balizas contrárias diz respeito, e não é sequer de admitir que hoje, pelas 19h45, no Estádio Skonto se contente com nada a não ser uma vitória, por muitos ou poucos, logo se vê, mas que venham de lá os três pontinhos tão necessários para não perder de vista a surpreendente Suíça – cinco vitórias nos cinco jogos até agora realizados. Viajam os suíços às Ilhas Feroé, perdidas no Mar do Norte, berço de pescadores de baleias, e não será de esperar grande coisa dos ilhéus, embora estes tenham ido à mesmíssima Riga vencer os letões por 2-0. Isso, sim. Surpreendente.

Pouco importa, no momento.

É hora de arregaçar mangas e, como já o disse, e bem, Fernando Santos, do alto da sua habitual franqueza, não ter a cabeça ocupada com a Taça das Confederações que surge no horizonte logo a seguir.

Convenhamos: a selecção nacional, equipa-de-todos-nós, como lhe chamou um dia o grande Ricardo Ornellas, um mestre para todos aqueles que gostaram de se alimentar nas sebentas dos princípios organizativos do futebol português, é infinitamente superior ao seu adversário de hoje. Tão infinitamente superior que não deveria ter passado as passas do Algarve no estádio do próprio Algarve, em Novembro, quando aos 67 minutos viu um tal de Arturs Zjuzins fazer o um-a-um de um empate inconcebível, logo a seguir desfeito através de três golos consoladores: William Carvalho (69 minutos); Cristiano Ronaldo (85); Bruno Alves (90+2).

Serviu de exemplo, estamos todos certos.

Depois de Basileia. A derrota inicial de Basileia (Suíça, 2 – Portugal, 0), na ressaca de um festa de arromba que pôs o país inteiro num folia incontrolável, finalmente abençoado por uma daquelas conquistas de estadão, nada menos do que a Taça Henry Delaunay, prateada e bela, marcou todos os aconecimentos posteriores. A Suíça foi ganhando e Portugal também. Três pontos os separam. E será essa a meta: três pontos. Recuperáveis no próximo dia 10 de Outubro quando for a vez dos suíços se deslocarem ao rectangulozinho nacional e pátrio.

Mas, até lá, há que ir queimando etapas. A cada vitória helvética caberá, obrigatoriamente, resposta idêntica. Só assim se manterá o equilíbrio de forças, embora também os mais crentes possam ir rezando por uma escorregadela alheia, ainda que haja coisas bem mais importante às quais dedicar preces.

Na altura em que ocupa o topo mais topo da sua vida como selecção, Portugal não pode cair no desprestígio de abandonar a defesa da sua honra europeia a botas alheias nas batalhas da Rússia. Não fazia qualquer sentido, ainda por cima nesta realidade actual de estarem garantidos 13 postos mundialistas aos representantes do Velho Continente – aos nove primeiros classificados dos nove grupos juntam-se os quatro que saírem dos play-offs entre os oito melhores segundos.

Por isso, amanhã, no regresso de Riga, virão todos, como escrevia Vasco Lourenço: todos tranquilos pelos serviços cumpridos e pelas obrigações repostas. E, então, poderá finalmente o engenheiro Fernando Manuel Fernandes da Costa Santos, em tempo conhecido no norte pela alcunha de engenheiro do penta, respirar fundo e ocupar os neurónios com a descodificação dos adversários que irá encontrar em Kazan, Moscovo e São Petersburgo nessa mal amada Taça das Confederações que já tem morte anunciada para o dia 3 de Julho.

Hoje, apresente-se o campeão da Europa! Ao som de trombetas e tímbalos, como é de direito, mas também com a qualidade exigível a um grupo de jogadores de estofo, muitos deles jovens sedentos de glórias urgentes. Na frente, no andor, vai Ronaldo, pois quem haveria de ser? O lugar cimeiro é dele. Levanta o estandarte de melhor do mundo no avanço sobre aquela a que muitos chamam a Paris do Báltico.