A reconciliação do público com a música portuguesa abriu um novo precedente: os festivais inteiramente dedicados à produção nacional. Durante vários anos, o Bons Sons esteve sozinho numa missão, projetando novos valores para um amanhã que se adivinhava diferente. Hoje, o cenário é bem diferente e reflece uma relação mais próxima entre quem faz música em Portugal e quem a recebe através das diferentes plataformas. Se antes, os nomes familiares ao grande público eram quase hegemónicos no circuito de concertos, hoje o espectro é bem mais alargado e corresponde a uma diversidade crescente de géneros e referências, além de um recentrar da portugalidade.
Em Cem Soldos, Tomar, o Bons Sons traz de volta a música à aldeia. O crescimento tornou-o um acontecimento anual de origens locais com expressão nacional. Este ano, Orelha Negra, Rodrigo Leão, Capitão Fausto, Samuel Úria, o regressado após longa ausência Paulo Bragança e as interpretações de Mutantes S. 21 pelos Mão Morta e de 10.000 Anos Entre Vénus e Marte por José Cid ocupam lugar central num cartaz com abertura para gente à espreita de um lugar ao sol como as Señoritas, os Poppers, os Octa Push e os Throes + The Shine. De 11 a 14 de Agosto com passes a 40 euros até final de Julho e bilhetes diários a 25 euros. A partir daí, os preços sobem para 45 e 22 euros, respetivamente.
Na Costa da Caparica, a quarta edição do Sol da Caparica renova a vontade de promover as praias da região e trazer visitantes de fora para quatro dias de música lusófona sob o sol de verão. A sul do Tejo, a música portuguesa recebe a companhia dos outros PALOP. Em anos anteriores, passaram pelo festival Gabriel, O Pensador, Marcelo D2 e O Rappa. Este ano, Criolo representa o Brasil, Matias Damásio veste a camisola de Angola e Djodje de Cabo Verde. De resto, um cocktail variado dos mais variados frutos desde o local Carlão, ao esquadrão dos Xutos & Pontapés, o fado na voz de Mariza, a história nos pulmões de Carlos do Carmo, Regula, António Zambujo, HMB e Carlos do Carmo.
Bons Sons e Sol da Caparica são os maiores eventos com estas características mas não os únicos. De Norte a Sul, a realidade aumenta de ano para ano. E para este verão, contam-se festivais no Gerês (Gerês Rocks a 28 e 29 de Julho com Blind Zero e Bed Legs), Carviçais (Carviçais Rock a 11 e 12 de Agosto com Sean Riley & The Slowriders, The Poppers, Blasted Mechanism e The Legendary Tigerman), Peso da Régua (Douro Rock a 11 e 12 de Agosto com GNR, Capitão Fausto, Linda Martini e Marta Ren) e Paredes (Indie Music Fest com Corona, Them Flying Monkeys e Twin Transistors de 31 de Agosto a 2 de Setembro).