Poucos já se lembrarão mas Paredes de Coura começou por fazer-se só com bandas portuguesas. E só a partir de 1996, se virou para fora. Manteve um breve romance com o rock adolescente no virar de século mas este é um festival “alternativo”
Em 2017, comemora-se o 25º aniversário de “laboratório musical” mas, como é característica habitual, a memória não é sinónimo de saudosismo e a programação faz-se com bandas e músicos emergentes, ou com as últimas novidades de consagrados. É o caso dos regressados At The Drive-In, uma estreia no verde prado de Coura depois de se terem reunido para uma digressão, culminada com “In•ter a•li•a”, o primeiro álbum em dezassete anos e sucessor de “Relationship of Command”, ainda hoje um pináculo . Ou dos quase-residentes Mão Morta, cúmplices desde a primeira hora em Coura, com a digressão recapitulativa de “Mutantes S. 21”, o disco de “Budapeste” e de outras oito cidades que, na transição do vinil para o CD, inaugurou numa nova era para os bracarenses. E até de Nick Murphy, o australiano anteriormente conhecido como Chet Faker, de volta a Portugal depois de ter esgotado coliseus e com EP a meias com o Midas da produção Kaytranada para testar. No capítulo das estreias, o jazz-não-jazz contaminado dos Badbadnotgood, banda de formação académica reeducada pelo hip-hop, é talvez a mais aguardada. Juntam-se-lhes Benjamin Clementine, Foals, Future Islands, Beach House, Foxygen, Manel Cruz, King Krule e You Can’t Win Charlie Brown, entre vários outros. Atenção ao patrão do rock de São Francisco, Ty Segall.
As Vozes da Escrita e o palco Jazz na Relva são motivos para deixar a tenda durante o dia.