A história dos festivais de músicas do mundo em Portugal não seria a mesma sem passar por Sines. Desde 1999 que o FMM chama à cidade alguns dos mais interessantes embaixadores de culturas locais exteriores aos grandes eixos da cultura pop/rock de tradição anglo-saxónica. Criado em 1999 com o objectivo de valorizar o Castelo de Sines, berço de Vasco da Gama, através de um acontecimento que mostrasse a diversidade das expressões musicais globais, o festival antecipou os factos. E quando a internet ainda se preparava para esbater fronteiras e derrubado muros, já Sines apostava na abrangência e diversidade para apelar a uma abertura de mentes.
Ao longo de 18 anos, o FMM Sines tem demonstrado sinais de abertura na cultura das músicas do mundo e, este ano, a diversidade dá para todos os gostos desde o rap de Emicidade, ao reggae de Tiken Jah Fakoly, a cumbia de Chico Trujillo, a música popular afadistada de Cristina Branco, a sociedade de inspiração anglo-saxónica formada por Benjamim e Barnaby Keen, a poética de Saul Williams, o ritualismo eletrónico de Ifriqiyya Électrique, a grega Savina Yannatou, o virtuosismo de Richard Bona, Lura, Waldemar Bastos, Carlos Martins e tantos outros, divididos por oito dias entre o Castelo de Sines e Porto Côvo.
Contemporâneo do FMM Sines, o MED também se faz entre muralhas. Nascido em 2004 e criado no Castelo de Loulé, tem alternado nomes de peso internacional com uma forte aposta na produção local, servindo de espelho à reconciliação do público com a música portuguesa. Este ano, a receita repete-se com nomes de primeira linha como Ana Moura, Rodrigo Leão e Branko a partilhar o cartaz com as vozes da lusofonia de Mayra Andrade, Lura e Teté Alhinho; e Akua Naru, Bnegão, Rachid Taha, Fanfare Ciocarlia e Che Sudaca a dar espessura global à proposta.
Em Amarante, o Mimo faz escala pela segunda vez depois de doze anos de gratuitidade no Brasil. Em Amarante, há concertos gratuitos de Herbie Hancock, Tinariwen, Manel Cruz e Nação Zumbi.
Se Sines e o MED são poliglotas, o Musa Cascais só fala uma língua: a do reggae. Que, por acaso, tem vários dialetos. Por exemplo, o dancehall moderno do alemão Gentleman, um dos símbolos da vaga de há alguns anos quando o reggae esteve na mó de cima dos adolescentes e foi banda sonora da geração Morangos com Açúcar. E ainda pela modernidade, Protoje traz os Indignation para dar expressão ao protesto. A história é representada por Horace Andy, lendário cantor e uma das vozes dos Massive Attack, e dos Skatalites, grupo pioneiro no ataque ao ska. Ponto de Equilíbrio, Fantom Mojah e Naâman são outros destaques de um festival que alia ritmos escaldantes ao cenário de praia.