Festivais de música eletrónica. Dançar com cabeça, tronco e membros

Neopop, Festival Forte e Lisb’On dão corpo à música de dança, oferecendo uma proposta fora dos eixos pop, atenta a micro-fenómenos.

Há quem diga que Lisboa é a nova Berlim, pela vibração da noite e pela relação intensa entre espíritos hedonistas e a oferta crescente de música electrónica, em horário nocturno e diurno com as matinés. Além da agenda semanal, o cardápio de festivais tem crescido de ano para ano e não só nos grandes centros de Lisboa e Porto. De facto, alguns dos cartazes mais reconhecidos ficam fora dos eixos. Viana do Castelo recebe o Neopop de 3 a 5 de Agosto e Montemor-o-Velho o Festival Forte de 24 a 26 de Agosto. Em Setembro, quando o sol se põe, o Lisb’On propõe-se a ser um dos derradeiros acontecimentos da temporada do verão sob a luz do dia. O Lisb’On regressa aos Jardins do Marquês de Pombal renovado na parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e reforçado por um segundo palco contrastante com a proposta dançante do espaço maior. De 1 a 3 de Setembro, há concertos da lenda do afro-beat Tony Allen, e do embaixador da música negra de Detroit, Amp Fiddler. No entanto, são os DJ sets a espécie dominante no jardim com predominância do techno e do house. Figuras de proa da música de origem eletrónica como Sven Vath, Nina Kraviz, DJ Koze e Motor City Drum Ensemble coincidem na programação com as atmosferas dos islandeses Kiasmos e a história do deep house nas mãos de Dream 2 Science. Pela primeira vez, a Red Bull Music Academy é parceira do Lisb’On.

Sinal do estreitar de relações entre a produção electrónica e outras linguagens, o Neopop (até 2009 baptizado de Antipop) chama a Viana do Castelo os Beatles da electrónica para uma história do futuro. Os Kraftwerk recuperam o espectáculo 3D apresentado em Lisboa e no Porto em 2015 num festival povoado por gerações descendentes do seu arrojo e pioneirismo. Paula Temple, Rodhad, Octave One, Maceo Plex, Speedy J, Loco Dice e Dixon formam equipa de peso. A estes junta-se um forte contigente nacional com Alex FX, Magazino e Rui Vargas.

Os festivais de música electrónica apostam na experiência sensorial e na relação entre o corpo e o meio envolvente. O Forte convida a um regresso às raves originais no Castelo de Montemor-o-Velho, através da relação entre nova e velha modernidade. As sinergias entre o público e o espaço arquitectónico são centrais na quarta edição de um festival que tem como trunfos de 24 a 26 de Agosto Jeff Mills, Oscar Mulero, Kandging Ray. Nathan Fake e Ninos du Brazil. O ato histórico habitual na programação pertence à voz confrontacional de Lydia Lunch, artista performática com raízes no punk e ligações aos Sonic Youth e a Nick Cave & The Bad Seeds.