Esta semana foi palco de denúncias por parte de duas associações de estudantes quanto à «publicação de conteúdos machistas e discriminatórios» na página oficial do Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA). A direção da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (AEFCSH) de Lisboa denunciou que a partilha de comentários de teor sexista numa secção da página oficial do ENDA, cujo acesso é reservado às delegações credenciadas e destinada a fins recreativos através da publicação anónima de memes – área cujo nome é ‘ENDApendentes’.
Segundo a direção da AEFCSH, este tipo de publicações é feito «com vista à objetificação, bem como descredibilização política das mulheres intervenientes, incluindo fotografias tiradas em plenário às mulheres presentes», situação que já havia sido repudiada em plenário no ENDA Porto pela AEFLUP e AEFCSH.
No último encontro de dirigentes associativos, em Viana do Castelo, que aconteceu no passado fim de semana, foram publicadas na página frases como «Apenas os homens devem votar», «Comissão das Violadas», acompanhadas por fotos das respetivas representantes da AEFCSH, ou ainda provocações como «Alguém que mande as gajas da AEFCSH ir fazer o jantar» são alguns dos exemplos do que a Federação Académica de Lisboa também já classificou de ações «inqualificáveis», numa nota de repúdio publicada na passada terça-feira. No comunicado é ainda denunciado o mau funcionamento da mesa do ENDA.
Uma delegada da DAEFCSH terá pedido a palavra para declarar um voto de repúdio aos memes publicados na página oficial do encontro. A palavra ter-lhe-á sido recusada duas vezes pelo presidente da mesa, secretário-geral da Federação Académica do Porto, Stephane Azevedo, que em conversa telefónica afirmou não poder comentar o que se passou em plenário. Lê-se no mesmo comunicado que, depois de dois pedidos de intervenção negados, parte dos delegados presentes «aplaudiu a Mesa, rindo-se da infração ao Regimento».
A direção da AEFCSH fez saber, nesta quarta-feira, que remeteu a situação para a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género por considerar que os acontecimentos de Viana do Castelo «constituem uma forma grave de discriminação de género e que vão contra o art.º 26.º da Constituição da República Portuguesa, que reconhece o direito à imagem, à palavra e à proteção legal contra quaisquer formas de discriminação». A Associação Académica da Universidade do Minho e a Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto também manifestaram, durante esta semana, o seu repúdio quanto às publicações.