O videoárbitro já está a revolucionar o futebol mundial, mas a FIFA promete não se ficar por aqui no que respeita a mudanças no desporto-rei. Para o próximo congresso, que se realiza a 18 de março do próximo ano, o organismo que rege o futebol mundial irá apresentar mais seis medidas que visam modernizar e melhorar a modalidade, sendo a mais significativa a proposta para os jogos de futebol passarem a ter “apenas” 60 minutos de duração (duas partes de meia hora), mas com o tempo cronometrado, ou seja, com o relógio a parar sempre que o jogo é interrompido, como já acontece nas modalidades de pavilhão.
A ideia do International Board (o painel que analisa e testa as alterações às leis do jogo) é compreensível e pretende combater as perdas de tempo que já se tornaram tradicionais, seja a demora na reposição da bola em jogo ou as solicitações de atendimento médico – o chamado antijogo, que tantos protestos causa por entre os adeptos –, mas também o tempo perdido nas reclamações a decisões do árbitro ou nas substituições.
A meta pretendida pela FIFA (60 minutos de bola a rolar) é, com as leis que vigoram atualmente, uma perfeita utopia. Na temporada que passou, nenhum dos cinco campeonatos mais reputados da Europa (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França) chegou a esse número, como mostra um estudo apresentado esta semana pela Opta Sports (empresa de estatísticas desportivas com sede em Londres). O mais perto, curiosamente, foi o campeonato italiano, com 57 minutos de tempo útil – melhor marca na Europa desde 2010. Alemanha, França e Inglaterra apresentam 56 minutos. Espanha, com 53, foi a liga onde a bola menos rolou. A estreia da Taça das Confederações onde Portugal está a participar, no jogo entre Rússia e Nova Zelândia, apresentou por exemplo um tempo útil de jogo de apenas 47 minutos. No Mundial 2014, foi de 57.
Mais alterações
As mudanças preconizadas pela FIFA vão, contudo, mais além. Com o jogo cronometrado, deixa de existir o tempo de compensação no fim de cada parte. Se o guarda-redes apanhar com as mãos uma bola atrasada por um companheiro, a punição poderá passar a ser a marcação de uma grande penalidade, ao invés da que vigora atualmente (livre indireto). Por outro lado, se algum jogador evitar um golo “certo” com a mão, o árbitro transformará automaticamente a grande penalidade consequente em golo. Há também a possibilidade de os jogadores poderem passar a bola a si próprios na sequência de cantos ou livres (na prática, podem arrancar com a bola em vez de a passar a um colega) e ainda marcar este tipo de livres com a bola em movimento, pondo um fim à obrigatoriedade da bola estar parada, como acontece atualmente.