Algum dia tinha de ser. Foi esta terça-feira. Depois de cinco anos e oito meses sem sofrer uma derrota em jogos oficiais, a seleção portuguesa de sub-21 comandada por Rui Jorge caiu aos pés de uma Espanha (1-3) muito madura, que soube ser autoritária mas principalmente matreira – falhou algumas boas oportunidades, é verdade, mas soube concretizar nos momentos certos. E isso, numa fase final de uma grande competição, faz toda a diferença.
A história já alertava para as dificuldades que se avizinhavam – em 12 confrontos, os espanhóis haviam vencido por cinco ocasiões, contra quatro triunfos portugueses. Na única ocasião em que se haviam defrontado nesta competição, porém, a vitória tinha sorrido a Portugal: 2-0 nas meias-finais em 1994, golos de Rui Costa e João Vieira Pinto (que saudades…).
Portugal chegou ao jogo com um saldo de oito partidas sem derrotas em Europeus (e apenas um golo sofrido nesse período). Espanha, porém, tinha feito ainda melhor: 12 jogos seguidos sem perder, dez vitórias consecutivas.
Tanto desperdício… Em relação ao jogo inaugural (triunfo por 2-0 sobre a Sérvia), Rui Jorge fez apenas uma alteração no onze, lançando Renato Sanches para o lugar de Diogo Jota, numa tentativa de dar mais força ao meio-campo. E Portugal começou bem – muito bem: com 16 minutos jogados, já somava três lances de perigo, entre os quais uma bola ao poste de Daniel Podence, num remate rasteiro de pé esquerdo.
À primeira tentativa, e contra a corrente do jogo, Espanha chegou ao golo. Uma iniciativa individual de Saúl Ñíguez, craque do Atlético de Madrid, que contou também com a enorme passividade da defesa lusa, com especial destaque para Rúben Semedo. O remate desviou no outro central, Edgar Ié, traindo por completo o guardião Bruno Varela. Era a primeira vez em nove jogos que Portugal se encontrava em desvantagem num jogo da fase final do Europeu – e na última vez que tal aconteceu, sofreu a última derrota (2-1 com a Holanda). A jogada seguinte mostrou uma tentativa de resposta, com Gonçalo Guedes a atirar ao lado, mas a partir daqui os espanhóis cresceram e somaram ocasiões: Deulofeu, Bellerín e Sandro Ramírez colocaram em sobressalto a defesa lusa.
O início de segunda parte foi quase tirado a papel químico do primeiro, com Portugal a carregar em busca do empate. Bruno Fernandes atirou logo a abrir para grande defesa de Kepa e pouco depois, Podence roubou a bola a um defensor, galgou metros até à área espanhola e, na cara do guardião, atirou ligeiramente ao lado. No lance seguinte, um corte providencial de Edgar Ié em cima da linha evitou o golpe de misericórdia de Asensio, num reinício de jogo louco!
Até que, aos 64’, Espanha marcou outra vez. Numa transição rápida, Deulofeu foi à linha e cruzou atrasado para Sandro Ramírez, que de primeira se antecipou a Edgar Ié e fuzilou Bruno Varela. Tudo parecia terminado, mas uma bomba de Bruma já no quarto-de-hora final (candidato claro a golo do torneio) ainda reacendeu a esperança no empate. Infundada: no último suspiro do jogo, um corte defeituoso de Rúben Semedo permitiu ao velocíssimo Iñaki Williams arrancar até à baliza lusa e bater Bruno Varela pela terceira vez. Portugal terá agora de golear a Macedónia na última jornada e esperar pelo desfecho dos outros grupos para saber se termina como o melhor segundo classificado. Qualquer outro cenário significa regresso a casa.