Bruxelas. Autor do atentado terrorista fracassado foi identificado

Cidadão marroquino era conhecido pelas autoridades, mas não tinha antecedentes de terrorismo

A detonação deficiente de um dispositivo explosivo, conjugada com a ação expedita do corpo militar belga, evitou uma enorme tragédia, na terça-feira à noite, numa estação central de comboios de Bruxelas, por onde passam diariamente perto de 60 mil pessoas. “Evitou-se um ataque terrorista”, afirmou sem rodeios o primeiro-ministro Charles Michel.

Um homem, na casa dos trinta, ter-se-á aproximado de um grupo de passageiros no átrio principal da estação e detonado a mala que trazia. Mas o plano não correu como previsto, já que explosão foi manifestamente inferior ao que o terrorista esperava. A mala pegou fogo e ainda explodiu uma segunda vez, de novo sem grande alarido. Frustrado o golpe, o homem largou o objeto em chamas e correu, irado, em direção a um dos muitos militares que, por esta altura, patrulham os locais mais movimentados da capital belga, gritando “Alá é grande”. O defensor sacou prontamente da arma e disparou contra o atacante, antes de o imobilizar.

O aparato da situação gerou, naturalmente, uma onda de pânico e de histeria na estação ferroviária, mas não houve qualquer registo de feridos, excetuando o agressor, que viria a morrer no final da noite.

Para além do dispositivo que explodiu de forma deficiente,  na mala utilizada como arma foram ainda encontradas bombas de gás e de pregos.

Esta manhã o procurador Eric Van der Sypt revelou a identidade do sujeito. O Ministério Público belga identifica-o pelas iniciais O.Z., e diz tratar-se de um cidadão de nacionalidade marroquina, de 36 anos de idade, residente no bairro de Molenbeek, o mesmo local onde residiam muitos dos jihadistas envolvidos nos atentados terroristas de 2016, em Bruxelas, e nos ataques do ano anterior, em Paris, ambos reivindicados pelo grupo terrorista Estado Islâmico.

Oussama Z. – como é apontado pela comunicação social belga – era conhecido pelas autoridades, mas sobre ele não incidiam quaisquer suspeitas relacionadas com terrorismo. De acordo com Françoise Schepmans, autarca de Molenbeek, o autor do ataque fracassado estava debaixo da mira da polícia, sim, mas por assuntos relacionados com drogas.

Na Bélgica vigora, desde março do ano passado – data em que três ataques bombistas coordenados, na aeroporto e numa estação de metro de Bruxelas, mataram 32 pessoas e feriram mais de 300 –, o segundo nível mais elevado de segurança. Esta tentativa de atentado levou o governo belga a reunir-se de emergência e a ordenar novo reforço da vigilância e da presença militar nas ruas da capital.

Isto em vésperas de Bruxelas receber dois grandes eventos: o concerto da banda britânica Coldplay e o encontro, de dois dias, dos líderes dos Estados-membros da União Europeia. “Toda a Europa enfrenta esta ameaça terrorista, não é apenas a Bélgica. Mas não nos vamos deixar intimidar. Há que continuar a viver dentro da maior normalidade possível, mantendo-nos vigilantes e defendendo os nossos valores”, pediu ontem o líder do executivo belga.