O endividamento conjunto da economia – administrações públicas, empresas e famílias, excluindo o setor financeiro – atingiu em abril o recorde de 723,6 mil milhões de euros. De acordo com os números do Banco de Portugal (BdP) revelados ontem, houve uma forte subida de cinco mil milhões de euros face ao mês anterior para um valor que supera o anterior recorde, fixado em fevereiro de 2015 nos 720,4 mil milhões de euros.
Desde janeiro que a economia portuguesa tem vindo a aumentar o seu endividamento. Em dezembro de 2016, a dívida estava nos 715,2 mil milhões de euros.
Mas se em termos nominais o endividamento da economia está em níveis recorde, quando medido o peso no PIB – o que é feito apenas trimestralmente –, ele já foi mais elevado no passado.
No primeiro trimestre deste ano, o rácio do endividamento total era de 385,3% do PIB, ligeiramente abaixo dos 386,7% verificados em dezembro de 2016.
Setor público
Na nota publicada ontem, o BdP explica que grande parte do aumento está no setor público. As empresas privadas também estão mais endividadas, mas a subida em relação a março foi menor.
“Relativamente ao mês de março de 2017, o endividamento do setor público aumentou 4,8 mil milhões de euros e o endividamento do setor privado registou um incremento de 0,2 mil milhões de euros”, lê-se no boletim estatístico do BdP.
“O acréscimo do endividamento do setor público deveu-se ao aumento do financiamento concedido por todos os setores financiadores, com exceção das empresas”, refere a instituição liderada por Carlos Costa, explicando que “a subida do endividamento do setor privado reflete o acréscimo do endividamento externo das empresas privadas, parcialmente compensado pelo decréscimo do endividamento destas empresas junto do setor financeiro residente.”
O BdP refere ainda que as famílias mantiveram o seu nível de endividamento quase inalterado (redução de dez milhões de euros), apesar de a composição ter mudado, com o valor do endividamento para a habitação a baixar 173 milhões de euros.
Certificados
Assim, a dívida dos particulares estagnou nos 141,6 mil milhões de euros; deste total, 102 mil milhões de euros dizem respeito a crédito à habitação. No total, o setor público deve 315,9 mil milhões de euros, enquanto o privado tem uma dívida de 407,7 mil milhões de euros.
O mesmo boletim estatístico revela que os certificados do Tesouro continuam a ser o produto de poupança do Estado que mais dinheiro consegue obter.
Em maio, o montante aplicado em certificados do Tesouro aumentou 314 milhões de euros. Desde o início do ano, o valor angariado é de 1864 milhões de euros, 25% acima do valor captado no mesmo período de 2016.
Este aumento contrasta com o desinvestimento nos certificados de aforro. Maio foi o sétimo mês consecutivo em que diminuiu o investimento neste produto. As aplicações em certificados de aforro baixaram 90 milhões de euros, o que eleva para 628 milhões de euros a diminuição desde o início do ano.