Miguel Beleza, economista, ex-ministro das Finanças e antigo governador do Banco de Portugal, morreu ontem ao início da noite. Tinha 67 anos.
De acordo com o “Correio da Manhã”, o INEM foi chamado a casa do ex-governante, que terá morrido na sequência de uma paragem cardiorespiratória, situação avançada pelo “Expresso” e confirmada à agência Lusa por fontes familiares.
Luís Miguel Couceiro Pizarro Beleza, nome completo, nascido em Coimbra a 28 de Abril de 1950, era licenciado em economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa, em 1972, fez um doutoramento no Massachusetts Institute of Technology (MIT), que concluiu em 1979. Nos anos de 1990 ocupou altos cargos durante o período do cavaquismo.
Miguel Beleza foi ministro das Finanças do XI Governo Constitucional entre 1990 e 1991, era primeiro-ministro Cavaco Silva. Na sua passagem pelo cargo foi impulsionador da criação da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e colaborou no processo de adesão de Portugal à União Económica e Monetária, precursora da moeda única.
No ano seguinte e até 1994 foi governador do Banco de Portugal (BdP). Demitiu-se do cargo em divergência com o então ministro das Finanças, Jorge Braga de Macedo. “O Jorge tinha umas ideias sobre taxas de juro de que não gostei, e eram questões que diziam respeito ao Banco de Portugal. Foi um fait-divers. Os objetivos fundamentais que tínhamos em relação às taxas de juro, conseguimos pô-los em prática. Não foi muito grave”, recordou em entrevista, em 2010, ao “Jornal de Negócios”.
Em junho de 2005, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Intervenção Mesmo depois do abandono dos cargos políticos, nunca deixou de intervir e se pronunciar sobre a política e a economia do país.
Num texto publicado no “Público”, defendeu a atuação de Vítor Constâncio, antigo vice-governador do BdP, no caso BPN e, mais recentemente, saiu em defesa do atual governador, Carlos Costa no conflito que o opôs o primeiro-ministro.
António Costa culpou Carlos Costa pela falta de solução para os lesados do papel comercial do BES e Miguel Beleza revelou desagrado: “Não penso que tenha sido positivo e não gosto de ouvir este tipo de declarações sobre o Banco de Portugal”.
“A CGD devia ser privatizada”, foi o comentário, no final de 2016, à polémica sobre as remunerações da administração da CGD. No início deste ano, sobre o Novo Banco, disse ser “contra a nacionalização do banco. Já chega termos a Caixa como banco do Estado”.
Na última entrevista que deu ao semanário “SOL”, a 13 de fevereiro de 2016, garantiu que “pensaria duas vezes antes de investir em Portugal”.