Maçonaria. Fernando Lima reeleito para terceiro mandato

O atual grão-mestre disputou a segunda volta com o professor universitário Adelino Maltez.Os resultados oficiais serão conhecidos no dia 4 de julho

Fernando Lima foi reeleito grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), apurou o i. Lima, que está à frente da instituição desde 2011, disputou as eleições, neste fim de semana, com o professor universitário Adelino Maltez, que venceu a primeira volta com mais 31 votos do que o atual grão-mestre.

Na segunda volta, de acordo com os resultados provisórios – os resultados oficiais só serão conhecidos no dia 4 de julho, depois de confirmados pelo Tribunal Maçónico –, Fernando Lima foi o mais votado e será o primeiro grão-mestre, desde o 25 de Abril, a cumprir três mandatos na liderança do GOL. Os seus adjuntos são António Ventura, historiador, e Carlos Vasconcelos, atual presidente do Grande Tribunal Maçónico.

Eleições conturbadas A campanha interna levou a maçonaria a viver um período de agitação interna que já não conhecia há muitos anos. Fernando Lima, numa mensagem aos maçons revelada pelo semanário “SOL”, considerou que a opção seria “entre a serenidade e a exposição permanente, entre a estabilidade e o conflito como regra” e “entre a intervenção coletiva e institucional e a intervenção banal, irrelevante e pessoal”. Fernando Lima, que pela primeira vez teve de disputar a segunda volta, colava ainda a candidatura do ex-militante do CDS ao “aventureirismo” e à “retaliação”.

Fernando Lima contou com o apoio dos ex-grão-mestres António Arnaut e António Reis. O presidente da Associação 25 de Abril Vasco Lourenço, que apoiou Daniel Madeira de Castro na primeira volta, foi outro dos maçons a apelar internamente ao voto em Fernando Lima por temer a “descaracterização do GOL, com a consequente perda de identidade”. Do lado de Adelino Maltez estiveram figuras como o deputado do PS e ex-ministro da Cultura João Soares, o advogado Ricardo Sá Fernandes e o militante socialista e médico Álvaro Beleza.

Rigor no recrutamento Fernando Lima – que se apresentou nas eleições internas como o lema “Renovar a Prosseguir” – defende, no seu programa, “uma maior exigência e um maior rigor no recrutamento”, porque “cada iniciado que posteriormente se afasta ou é afastado gera enfraquecimento”.

O grão-mestre no GOL nunca foi adepto de facilitar a entrada na maçonaria e, numa entrevista ao i, um ano depois de ter chegado à liderança da instituição, assumia que “a maçonaria não é uma elite económica nem uma elite de interesses, mas é uma elite no sentido dos critérios de entrada. É para homens livres e de bons costumes. É uma malha, não diria apertada, mas uma malha criteriosa”.

A forma de comunicar com o exterior foi um dos assuntos mais debatidos durante esta campanha interna. Lima sempre defendeu que a maçonaria não pode banalizar a mensagem. Apesar disso, o advogado admite, no seu programa, a necessidade de uma “melhor e mais eficaz comunicação com o mundo profano, que contribua para uma perceção mais justa da comunidade sobre quem somos e o que fazemos e que permita marcar os nossos valores, de forma mais eficiente, no mundo profano”. O grão-mestre do GOL promete ainda um “aprofundamento da prática da solidariedade, através de instrumentos e projetos concretos” .

Na primeira volta, de acordo com os resultados oficiais, Adelino Maltez, que se candidatou pela primeira vez e prometia “tirar o GOL da clandestinidade”, teve 445 votos, Fernando Lima conseguiu 414 votos e o economista Daniel Madeira de Castro obteve 374 votos. Lima acabou, porém, por conseguir a reeleição na segunda volta.