Poucos esperavam que o processo avançasse com tamanha rapidez, mas a cedência inesperada da chanceler alemã em relação à liberalização do casamento e adoção por homossexuais na Alemanha pode fazer com que a lei fique aprovada até sexta-feira.
Angela Merkel, que no passado se opôs à liberalização do casamento gay, disse numa entrevista na segunda-feira que a sua opinião mudou recentemente, ao ver como um casal de mulheres cuidava dos seus oito filhos no seu círculo eleitoral.
A chanceler defendeu nesse dia que o voto deve dar-se por “consciência” e não por disciplina pardiária, o suficiente – diz a imprensa alemã – para que a medida seja aprovada. Aproveitando a abertura da chanceler, os social-democratas anunciaram que o voto deve dar-se antes da pausa de verão dos deputados. Ou seja: até sexta-feira.
A proposta desencadeou uma pequena guerra parlamentar que se desenrolava esta quarta-feira, à medida que os partidos de oposição – o SPD é parceiro de coligação, mas está em plena campanha eleitoral – tentavam pressionar os deputados conservadores para chegarem a um voto sexta-feira.
A estratégia não é inteiramente inocente e está pensada para encurralar os conservadores. O SPD de Martin Schulz, que se afundou abruptamente nas sondagens e está pelo menos a dez pontos dos conservadores de Merkel, fez da liberalização do casamento e adoção gay – na Alemanha, uma lei contempla a outra – uma das suas principais bandeiras, argumentando que não faria nenhum acordo de coligação com um partido que não o defendesse também.
“O caminho para a igualdade está aberto”, escrevia esta quarta no Twitter a deputada dos Verdes Renate Kuenast, cujo partido, em aliança com os social-democratas e a esquerda radical do Die Linke, agendou o voto para sexta-feira, causando desagrado na União Democrata-Cristã de Merkel, fraturada no tema.
“É uma falta de confiança”, lançava também estta quarta o líder do bloco parlamentar da CDU, Volker Kauder, argumentando que a urgência do SPD em avançar com o dossier do casamento e adoção gay revelava que o partido “não está preparado para governar”.