Angela Merkel, chanceler alemã, deixou este sábado um pedido aos políticos europeus, na última homenagem a um dos seus mais influentes antecessores: Helmut Kohl, falecido a 16 de junho. Merkel pediu para que o legado de Kohl permaneça vivo e ativo na política atual, mostrando-se reconhecida pelas oportunidades que Kohl lhe proporcionou ao escolhê-la para ministra, embora admitindo "algumas divergências" na linha de pensamento entre ambos.
A chanceler germânica sublinhou o papel do antigo político na reunificação da Alemanha, lembrando pertencer a uma geração de alemães que viveu "as noites de terror e de bombas" do nacional-socialismo. "Kohl protagonizou um combate indispensável por uma Europa onde não houvesse mais guerras. Milhões de pessoas estão em dívida para com Kohl, arquiteto da reunificação e grande impulsionador da União Europeia (UE). Coisas como o euro não existiriam sem ele", realçou Merkel.
A homenagem no hemiciclo do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, contou com a presença de duas dezenas de chefes de Estado e de governo, um antigo soberano e várias centenas de outras personalidades. Como o presidente francês, Emmanuel Macron, que elogiou Kohl pelas "decisões corajosas" que tomou, "por vezes contra a sua opinião pública", afirmando-se disposto a continuar o legado do antigo chanceler na UE. "A História também nos julgará um dia. Terá severamente em conta as concessões que fizermos, os cálculos a curto prazo e os egoísmos nacionais, [mas também] a sinceridade do compromisso com a paz e a amizade dos povos. O pragmatismo, o sentido da realidade e a habilidade política são francamente úteis, mas não constroem nada. São os ideais, iluminados pela amizade, que dão corpo aos nossos projetos, que os fazem durar", disse Macron, recordando que Kohl "preferia as pontes às fronteiras e aos muros" e que, com François Mitterand, lutou pelo "sonho de um destino europeu comum", o qual o atual presidente francês considera que deve ser recuperado pelos atuais dirigentes políticos.