Fernando Medina já é candidato à presidência da Câmara de Lisboa. É a primeira vez que se candidata, pois assumiu o mandato a meio, em abril de 2015, após António Costa o ter interrompido para se dedicar por inteiro ao PS.
Medina continuou a linha política de António Costa, até porque o responsável pelo pelouro do Urbanismo, Manuel Salgado, se mantém o mesmo há dez anos. Entrou com António Costa em 2007, manteve-se na equipa em 2009 e novamente em 2013.
O PS, sozinho ou coligado com os movimentos de Helena Roseta e de José Sá Fernandes, governa Lisboa há dez anos. A cidade de hoje é a que António Costa, Fernando Medina e Manuel Salgado construíram em dez anos.
A receita tem sido má: vender património, aumentar impostos e taxas, renegociar a dívida.
Sobre a venda de património, neste mandato já foram vendidos 500 milhões de euros em património municipal.
Sobre o aumento de impostos, as receitas vêm aumentando todos os anos, aos 30 e 40 milhões de euros por ano.
Finalmente, o empréstimo de 250 milhões de euros do Banco Europeu de Investimento, para ser pago em 20 anos pelos lisboetas, é pura renegociação da dívida da CML.
Urbanisticamente, Lisboa sofreu uma revolução que só tem paralelo na revolução pombalina depois do terramoto de 1755. A Câmara Municipal vendeu centenas de milhões de euros em imóveis, mas ultimamente Fernando Medina e Manuel Salgado têm dito que até compraram mais do que venderam. Mas, se isto é assim, se a câmara de Lisboa anda a vender e a comprar aos 500 milhões, então transformou-se num fundo imobiliário. Numa agência imobiliária. Que desequilibra o mercado de compra e venda de propriedades na capital. E esta opção de compra e venda pela câmara não será pura e simples especulação imobiliária?
Acresce que o presidente da CML é também o presidente da associação de Turismo de Lisboa. E a aposta nesse setor tem-se traduzido na abertura de 20 novos hotéis por ano.
Tudo isto é muito bom para a economia, todo este dinheiro a girar, mais o emprego que cria, mas tem ‘danos colaterais’ que estão à vista: preços inflacionados, impossibilidade de a classe média viver em Lisboa, onde não consegue comprar nem arrendar casa.
Recentemente – e com vista à candidatura – foi feito um estudo para saber os motivos de descontentamento dos lisboetas. Sem surpresa, as pessoas queixaram-se de dois problemas: habitação e estacionamento.
Perante o descontentamento popular, vão chover propostas indecentes e demagógicas, e a Lei das Rendas de Passos Coelho será diabolizada. A Lei das Rendas tem as costas largas, mas não foi ela que obrigou a CML a comprar e a vender aos 500 milhões de euros de património por mandato, nem é a responsável pela abertura de 20 hotéis por ano.
São largas, mas não são assim tão largas.