É um dos maiores clichês do futebol. É verdade. Mas não é menos verdade que, de tempos a tempos, se torna imperioso recordá-lo – mal sabia Gary Lineker que estava a criar um “monstro” destes em 1990, quando o instituiu. No campo, que é onde tudo acontece, a Alemanha insiste em dar-lhe razão: no fim, ganha sempre (ou quase). E aprendem de pequeninos: três dias depois de terem vencido o Europeu de sub-21, derrotando a Espanha na final por 1-0, os jovens que Joachim Low resolveu levar à Rússia para crescer, numa espécie de seleção olímpica, fizeram exatamente o mesmo na final da Taça das Confederações, batendo o Chile pelo mesmo resultado.
Foram frios, objetivos, eficazes e implacáveis como só eles sabem ser. Aproveitaram uma atrapalhação infantil de um jogador do Chile – o médio Marcelo Díaz, de 30 anos, 59 internacionalizações e seis anos de experiência europeia ao serviço de Basileia, Hamburgo e Celta de Vigo – para bater Bravo e fechar as contas de uma competição que nunca haviam vencido… e que provavelmente nunca voltarão a conquistar, caso se venha a confirmar o rumor de que esta foi a sua última edição.
Mais craques a nascer A ideia de Low fazia sentido: dar descanso aos pesos-pesados, como Neuer (que até está lesionado), Boateng, Hummels, Khedira, Ozil ou Muller, que praticamente não tiveram férias em 2016 e das quais também ficarão privados no próximo ano, e ao mesmo tempo dotar a nova geração de craques que aí vem de experiência internacional numa competição que desde o seu início serve basicamente para isso mesmo: fazer testes e experiências.
E resultou na perfeição. Esta competição coroou a seleção com média de idades mais baixa de sempre numa final internacional (24 anos e 244 dias) e pôs o mundo a falar de Stindl, Rudy, Goretzka ou Werner – além do capitão Draxler, que anda nestas andanças há tanto tempo que mais parece um veterano… mas que ainda só conta 23 primaveras.
Na final, o Chile foi melhor. Ou, pelo menos, mais incisivo. Tentou, porfiou, rematou, insistiu. Fez 12 remates, contra cinco alemães. Asfixiou a defesa germânica nos primeiros 15 minutos – aí, valeu Ter Stegen, que com duas defesas de grande nível manteve a sua baliza inviolada: logo aos cinco minutos, perante Vidal, e aos 13’, travando um remate de Vargas.
Até que aos 20’, e na sequência de uma grande ocasião desperdiçada por Alexis Sánchez, que bateu mal na bola, esta chegou aos pés de Marcelo Díaz, médio que na circunstância era o último homem do Chile – à frente de Bravo, bem entendido. O jogador do Celta fez uma rotação para evitar Stindl, mas adiantou demasiado a bola e acabou por perdê-la para o predador Werner, que na cara de Bravo serviu de bandeja Stindl. Estava feito o 1-0 e o médio do Borussia Monchengladbach igualava os colegas Werner e Goretzka no topo da lista de melhores marcadores, com três golos.
A partir daí, a toada manteve-se, mas a Alemanha nunca vacilou. Podia até ter aumentado a vantagem em cima do intervalo, por Goretzka. O segundo tempo trouxe muita confusão, pouco futebol e ainda menos oportunidades: apenas Sagal, com um remate para as nuvens de baliza aberta, e um livre de Alexis nos descontos para enorme defesa de Ter Stegen. Foram 11 contra 11 e no fim, de facto, ganhou a Alemanha.