2007. Pearl Jam
“Oh I, oh, I’m still alive”, exclama Eddie Vedder no refrão. Aos Pearl Jam, o Alive deve o nome e a primeira grande enchente. Um ano depois de duas noites esgotadas no (então) Pavilhão Atlântico, a banda voltava a Portugal para a primeira edição de um festival que assinalava a entrada em cena da Everything Is New. Um cartaz de respeito com Smashing Pumpkins, White Stripes, Beastie Boys, Linkin Park, Da Weasel, Buraka Som Sistema e Sam The Kid serviu de ano zero e introduziu o nome do Alive no mapa.
2008. Rage Against The Machine
De um lado da cidade, Rage Against The Machine, The Hives, Gogol Bordello, The National, Vampire Weekend, Hercules & Love Affair, MGMT, Cansei de Ser Sexy e Boys Noize. Do outro Duran Duran, Beck e Mika. De um lado, a geração de 90 e aquilo que dela ficara dez anos depois. Do outro, a fé na geração de 80 e alguns resquícios. No braço de ferro, vitória esmagadora da reunião Rage Against The Machine da Everything Is New. Inesquecível concerto que começou com sirenes e José Saramago.
2009. TV On The Radio
A pré-história de um universo paralelo a nascer dentro do recinto. Em ano de peso, com Metallica, Slipknot, Machine Head, Lamb Of God, Mastodon, Prodigy e Eagles of Death Metal no palco maior, TV On The Radio, Klaxons, Ting Tings, Lykke Li e Los Campesinos! agiram como contrapeso e criaram um novo precedente. A de um público movido por bandas menos conhecidas das grandes multidões mas a conquistar o seu quinhão entre os adeptos do “indie”, reforçada neste ano pela tendência maximalista de música eletrónica.
2010. Florence + The Machine
Os indícios do ano anterior confirmaram-se em 2010. O Alive já não era só um festival de grandes bandas e multidões. Era também uma casa aberta a fenómenos emergentes e, por estranho que possa parecer escrevê-lo em 2017, Florence + The Machine, The xx e Calvin Harris – o triângulo pop inglês esteve em palco na mesma noite – procuravam ainda afirmar-se e conquistavam novos seguidores a cada noite. Na quarta edição, a imagem do “palco secundário” diluiu-se numa ideia maior do festival enquanto todo.
2011. Coldplay
A primeira e única edição com quatro dias, justificada pelo concerto dos Coldplay, e uma aproximação decisiva e definitiva do então Optimus Alive a um formato familiar, com capacidade não só de movimentar uma cidade como de centrar atenções de um país inteiro e em período de pausa do futebol. 2011 foi também o ano em que quase não havia concerto de 30 Seconds To Mars, devido a um problema no palco detetado à tarde. A prevenção funcionou, o atraso na informação criou alarme. E a música seguiu…
2012. Radiohead
Numa programação dominada por anglo-saxónicos – The Stone Roses, Snow Patrol, The Cure, Florence + The Machine (que acabou por cancelar), Mumford & Sons, Tricky, Katy B, Noah & The Whale, Metronomy, Kooks, Maccabees, SBTRK e Miles Kane – o horário nobre foi para os Radiohead que, sem precisar de jogar um trunfo chamado “Creep” polarizaram todas as atenções. A organização apostou em chamar charters de ingleses e o apelo funcionou. Cerca de 16 mil vieram a Lisboa.
2013. Disclosure
Para os muitos milhares que estiveram no NOS Alive em 2013, toda a fé e devoção foi para os Depeche Mode. E, de facto, nenhuma outra banda concentrou tanta gente em três dias mas na primeira noite de festival, uma nova invasão britânica encabeçada por uns Disclosure com “Settle” editado nessa semana, Jessie Ware, AlunaGeorge, Dusky e Shadow Child na retaguarda deu ao Clubbing uma brisa de frescura e confirmou os irmãos Lawrence como um futuro grande fenómeno. Não foi preciso muito tempo, já que dois anos depois voltaram já na condição de cabeças de cartaz.
2014. Arctic Monkeys
Em 2014, os grandes ajuntamentos já não eram novidade mas o começarem desde a abertura de portas sim. Nunca se tinha visto tal coisa em sete anos. Na noite dos Arctic Monkeys e Imagine Dragons, o Alive rejuvenescia anos de vida e chamava ao Passeio Marítimo de Algés uma multidão adolescente acabada de concluir o ano letivo. O festival não só crescia, como ganhava novas camadas de público mas nem tudo eram flores como as de Coachella. A falta de potência no som traiu os concertos pouco fulgurantes de Arctic Monkeys e Black Keys.
2015. Dead Combo
A internacionalização do NOS Alive nem sempre foi amistosa para a música portuguesa mas há dois anos os Dead Combo souberam dar a volta ao texto quando incluíram nas bandas sonoras da Lisboa mourisca uma homenagem ao povo grego, em plena crise conjugal entre o governo de Aléxis Tsípras e a Europa. Um abraço neste ponto de encontro, precedido por um concerto não menos politizado e subversivo de uns Sleaford Mods a impressionar toda a gente com o discurso agitprop adaptado a uma linguagem minimalista.
2016. Arcade Fire
Os Arcade Fire já tinham vindo a quase todos os festivais grandes em Portugal mas faltava o NOS Alive. À falta de novos trunfos, passaram em revista uma obra efusiva de intensa celebração da vida usando confetis e balões para espalhar a alegria. A banda canadiana escolhera o festival lisboeta para regressar aos palcos e atalhar caminho para um novo álbum que um ano depois surge por fim no horizonte. A inclusão do NOS Alive no roteiro como um de dois grandes festivais é sintomática da influência conquistada nestes dez anos.