O Governo fixou o Conselho de Ministros da próxima semana como prazo máximo de entrega da avaliação da comissão, que conta com representantes das duas câmaras, ministérios e Infarmed. A decisão política poderá assim acontecer na próxima quinta-feira.
O SOL sabe que a comissão não vai fechar uma escolha, mas sim fornecer informação e tabelas comparativas que mostram como se saem as duas cidades nos critérios definidos pela EMA em matérias como logística, acolhimento e instalações. De acordo com a informação reunida no decorrer deste processo – que sofreu uma cambalhota política em junho, quando o Governo decidiu reabrir a corrida ao Porto –, a capital parece levar vantagem nas frentes técnicas. Em termos de acessibilidades, revela uma tabela a que o SOL teve acesso, Lisboa regista 2.400 voos semanais contra 900 no Porto. Até os táxis foram contabilizados: em Lisboa há uma frota de 4.654 viaturas e no Porto são 1516. No que diz respeito ao acolhimento, Lisboa tem 16 escolas internacionais e no Porto existem quatro, com capacidade para metade dos alunos – a existência de escolas bilingues é um dos requisitos. Lisboa tem ainda o dobro das unidades hoteleiras do Porto e mais do dobro das camas. A EMA costuma precisar de cerca de 30 mil dormidas em hotéis por ano.
Analisaram-se ainda os locais e tempos de viagem ao aeroporto das localizações possíveis, do Parque das Nações – que figurava no site oficial da candidatura de Lisboa que tinha sido lançado pelo Governo antes deste impasse – à Alta de Lisboa, ambas a cinco minutos. No Porto, a localização mais próxima do aeroporto seria na Asprela, a 12 minutos.
Uma análise a que o SOL teve acesso mostra que, até 2030, a vinda da EMA para Portugal poderia ter um impacto de mais de 2 mil milhões de euros na economia e criar mais de 2 mil empregos indiretos. A dimensão da EMA nada tem a ver com as outras agências europeias instaladas em Lisboa. A Agência de Segurança Marítima e o Observatório de Droga e Toxicodependência têm 300 funcionários e orçamentos de 54 e 17 milhões. A EMA emprega 890 pessoas e move 300 ME/ano.
As candidaturas têm de ser submetidas até dia 31 e há mais de 20 países interessados. Nos anos 90, Lisboa chegou a estar na corrida para acolher a EMA, que abriu em Londres em 1995. Na altura, outra cidade na short-list era Barcelona, que também a quer agora. O referendo à independência da Catalunha poderá pesar na análise. Por cá, fontes do setor admitem que a demora na candidatura poderá ter algum impacto negativo, mas há outros países na mesma situação. Já o impacto positivo da vinda da agência para o país é unânime. «O setor da saúde ia passar a ter toda uma nova dimensão, isto além de outras áreas», disse ao SOL fonte próxima do processo. Além do reforço dos escritórios de multinacionais farmacêuticas, que tendiam a esvaziar recursos dada a instabilidade orçamental e legal no setor, poderia vir a dinamizar áreas como os ensaios clínicos.