Perfil de Américo Amorim. O mais rico do país que não se considerava rico

No final de 2014, Américo Amorim era presidente da Galp e de mais outras 30 empresas. 

O homem mais rico do país não se considerava rico. “Não me considero rico. Sou trabalhador”, explicou ainda em 2011, quando liderava o ranking dos mais ricos de Portugal. 

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A “não riqueza” de Américo Amorim tinha (em 2015) um valor: 3,8 mil milhões de euros, segundo o ranking da “Forbes”. Para este valor em muito contribuíram as posições do empresário na Galp e também a venda do BIC a Isabel dos Santos. Américo Amorim presidia ao Grupo Amorim há mais de 30 anos, tendo sob a sua tutela perto de 200 empresas espalhadas por vários setores – do imobiliário ao vinho do Porto, da energia ao mundo da finança – e em vários países, acumulando ramificações empresariais em quase 40 países, isto além das dezenas de empresas registadas na Holanda.

Entrou nos primeiros anos da década de 1950 na Amorim & Irmãos, a então empresa da família, dedicada sobretudo à cortiça, chegando à presidência do grupo já em meados dos anos 1980. 

A sua faceta empreendedora permitiu-lhe levar o grupo empresarial da sua família a aproveitar um alargado leque de oportunidades que foram surgindo ao longo dos anos:primeiro no mundo financeiro, com a criação da sociedade que viria a ser o BPI, depois a consolidação do Millenium BCP e a parceria com o grupo Accor, que permitiu a abertura de 40 unidades hoteleiras no país ao longo dos anos 1980. 

O grupo de Américo Amorim esteve ainda envolvido na criação da operadora de telecomunicações Telecel, hoje Vodafone. 

O Grupo Amorim aproveitaria também uma das várias vagas de privatizações em Portugal para avançar para o negócio dos combustíveis, no caso através da Petrogal. 

Mais tarde viria a avançar com a petrolífera angolana Sonangol para reforçar a participação na Galp até 38,34%, detidos pela Amorim Energia.

Ao longo de todo este percurso de “trabalhador não rico”, Américo Amorim foi ainda bastante celebrado e homenageado pelas autoridades do país. 

A Comenda de Mérito Agrícola e Industrial, ainda no início dos anos 80, ou a condecoração com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, em 2006, serão dos títulos honoríficos mais relevantes que Amorim foi acumulando. 

Outra coisa que acumula são cargos. No final de 2014, Américo Amorim era presidente da Galp e de mais outras 30 empresas. 

Já como administrador, tinha lugar em outras 16 empresas, tendo já sido ao longo da sua carreira membro do INSEAD, membro do conselho de cooperação económica da Associação Empresarial de Portugal e da Associação Comercial do Porto, além de membro dos conselhos fundadores das fundações de Serralves, Mário Soares ou Luso-Espanhola, entre várias outras. 

Artigo escrito por Filipe Paiva Cardoso e originalmente publicado no jornal i a 15 de agosto de 2015, tendo sido adaptado a 13 de julho de 2017, dia da sua morte