De passo histórico em passo histórico: assim se pode descrever a caminhada da seleção portuguesa de futebol feminino no último ano. Depois da inédita qualificação para um Campeonato da Europa, as portuguesas conseguiram neste domingo mais um feito absolutamente assinalável: a primeira vitória numa grande competição.
O triunfo sobre a Escócia, por 2-1, permite às comandadas de Francisco Neto continuar mesmo a sonhar com o apuramento para os quartos-de-final – algo que seria ainda mais assombroso. Na derradeira ronda, que se disputará na próxima quinta-feira, Portugal vai defrontar a Inglaterra, que trucidou as escocesas logo a abrir (6-0) e ontem bateu também a Espanha (1-0), carrasco de Portugal na primeira jornada (0-2). A missão é muito difícil, mas o facto de as inglesas já terem praticamente garantido o passaporte para a próxima fase pode jogar a favor das cores lusitanas. Ainda falta, porém, quatro dias para se chegar a esse cenário. Até lá, e como frisou o selecionador português no fim da partida, a ordem é “desfrutar deste momento”, até porque a seleção portuguesa é, recorde-se, a menos cotada no ranking FIFA das 16 presentes em prova – ocupa apenas a 38ª posição.
Frente às escocesas, Portugal até nem entrou bem no jogo. Aos 18 minutos, por exemplo, Lana Clelland atirou ao poste, depois de falhar de forma incrível uma recarga à boca da baliza, após defesa apertada de Patrícia Morais. Começava aí, todavia, a maré de sorte que bafejou a seleção nacional, e aos 27’, após um erro inacreditável da defesa Vaila Barsley, Carolina Mendes atirou para as redes escocesas, apontando o primeiro golo de sempre de Portugal numa grande competição.
As portuguesas ficaram então por cima, mas aos 69’ acabaram por ver a Escócia chegar ao empate, por intermédio de Erin Cuthberth, que havia entrado aos 54’. Do banco viria a saltar também o golo que garantiu história para Portugal: lançada aos 72’ para o lugar de Carolina Mendes – numa inversão da alteração efetuada frente à Espanha -, Ana Leite correu, aguentou a carga da defesa contrária e atirou para o 2-1 final. A cinco minutos do fim, Erin Cuthburth voltou a fazer estremecer a baliza lusa, atirando ao poste, naquele que foi o último lance de perigo do encontro. Segue-se a Inglaterra… e deixem-nas sonhar.