Rafa e Roger falaram sobre se alguma vez voltariam a conhecer o sucesso de outrora. Ambos estavam de baixa por lesão e estariam longos meses parados antes de voltarem à competição.
O planeta do ténis entretinha-se a adivinhar se Andy Murray, com uma segunda metade de 2016 fabulosa, iria destronar Novak Djokovic no topo do ranking mundial.
Roger e Rafa começavam a ser encarados como ídolos estimados mas fora dessa luta.
O que aconteceu em 2017 era imprevisível, com o suíço e o espanhol a dividirem entre si os três torneios do Grand Slam disputados até ao momento e quatro dos cinco Masters 1000.
Federer foi campeão no Open da Austrália, Indian Wells, Miami e Wimbledon; Nadal venceu em Monte Carlo, Madrid e Roland Garros.
Rafa tem 31 anos e confessou que a lesão contraída num pé em 2004 foi tão grave e os problemas crónicos nos joelhos tão limitativos, que nunca pensou competir ao mais alto nível até esta idade.
Roger está a poucos dias de completar 36 anos e admitiu que, ao ser operado pela primeira vez no ano passado a um joelho, levantaram-se legítimas dúvidas sobre se voltaria a ganhar um Major. Perguntou isso mesmo à sua equipa técnica e à sua mulher e a resposta de todos foi positiva.
Esta longevidade tem-lhes permitido colecionar recordes impensáveis, Rafa com 10 títulos em Roland Garros, Monte Carlo e Barcelona (a tripla La Décima) e Roger com 8 troféus de Wimbledon.
Mas o que impressiona mais é a forma como o fazem, o maiorquino sem perder qualquer set em Paris e o helvético sem ceder qualquer partida em Londres. São os únicos jogadores já apurados para o Masters no final do ano e são aqueles que mais hipóteses têm de chegarem ao final da época como n.º 1 mundial, um objetivo que nenhum deles considera primordial, mas um estatuto que qualquer um adoraria voltar a ostentar, como disse Federer, nem que apenas por uma semana.
O corpo já lhes pede por vezes descanso e as paragens a que foram forçados foram-lhes benéficas, mas a mente mantém-se jovem.
Há três semanas Pete Sampras declarou que do que mais se espanta é essa frescura mental. Ele, depois dos 30 anos, admitiu que já só tinha motivação para os Majors e acha incrível que Federer (e poderia ter acrescentado Nadal) continue a treinar e a motivar-se tanto para uma primeira ronda de Halle como uma primeira ronda de Wimbledon.