Umas Forças Armadas fortes trazem ganhos económicos e diplomáticos a uma nação, disse ontem o Presidente da República na cerimónia de encerramento do ano letivo do Instituto Universitário Militar (IUM). «A história tem produzido diversos exemplo de como um elevado potencial militar é capaz de garantir profusos benefícios económicos e diplomáticos», disse Marcelo Rebelo de Sousa no seu discurso.
«Em tempo de guerra, mas especial e fundamentalmente em tempo de paz, a influência e a credibilidade de uma forte capacidade militar fazem sentir-se mesmo sem o emprego da força», referiu o Chefe de Estado.
Acompanhado pelo ministro da Defesa, Azeredo Lopes, e pelo Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Pina Monteiro, Marcelo Rebelo de Sousa presidiu à entrega dos diplomas de fim do curso de promoção a oficial general a 23 militares, entre os quais está a primeira mulher.
Defendendo o investimento na formação dos militares – «É imperioso o investimento nas pessoas que edificam a instituição militar» –, por ser essa «a capacidade mais relevante do poder militar», o Presidente sublinhou que «a capacidade de defesa de uma nação é, provavelmente, o maior catalisador para o país».
Até porque, para o Presidente, a «alegada contradição entre a aposta de meios na Defesa e Segurança e a libertação de recursos para a economia e sociedade» é apenas «ilusória».
Sublinhando o papel importante de uma instituição como o IUM para assumir e interiorizar «o caráter multidisciplinar e interdepartamental da defesa nacional», Marcelo Rebelo de Sousa falou de uma ideia fundamental para quem pensa a função militar hoje, no século XXI: «O conceito de conjunto».
«O reconhecimento e a aceitação deste novo quadro conceptual são geradoras da efetivação de uma estratégia integrada no plano global do Estado, permitindo assim perspetivar a adequação da defesa dos interesses nacionais e a pronta resposta aos desafios do mundo atual», especificou o Presidente.
Um dos pilares da função castrense neste século XXI passa pelo «entrosamento com a comunidade, no seu quotidiano e, de forma especial, em tempos mais críticos». Marcelo referia-se à atuação dos militares no palco dos grandes incêndios que assolaram e assolam o país este verão. Atualmente 259 elementos e um helicóptero das Forças Armadas estão a colaborar na vigilância, patrulhamento e no rescaldo dos principais incêndios no território nacional.
Por outro lado, está a atuação no domínio internacional, em «missões de soberania indissociáveis da afirmação da paz e dos princípios humanitários», porque na verdade as fronteiras de Portugal são hoje um conceito que vai para lá do seu limite físico. O Chefe de Estado fala em «fronteiras estratégicas», que podem coincidir com as fronteiras físicas «ou delas aparentemente distanciar-se». Como a participação das Forças Armadas em diversas missões internacionais da NATO, da ONU e da União Europeia, ou na cooperação técnico-militar, sobretudo com os países africanos de língua oficial portuguesa.